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Moody’s recua e agora diz que nota dos EUA pode ser mantida Aaa

Em 14 de julho a agência havia ameaçado cortar a avaliação do país, mas agora já diz que com acordo para a dívida é possível colocar apenas a perspectiva negativa

Por Álvaro Campos e da Agência Estado
Atualização:

A agência de classificação de risco Moody's disse nesta sexta-feira, 29, que acredita que os EUA vão manter seu rating Aaa, "embora com uma mudança para uma perspectiva negativa", desde que o Congresso e a Casa Branca cheguem a um acordo para evitar um calote no pagamento aos detentores de bônus do governo.

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A Moody's lançou uma revisão sobre o rating dos EUA no dia 13, quando a batalha sobre como elevar o limite de endividamento do país estava começando a esquentar.

Steven Hess, vice-presidente e executivo sênior de crédito da Moody's, disse que o teto de endividamento do governo dos EUA deverá ser elevado a tempo de evitar um default e de manter o rating de crédito AAA do país, mas ressalvou que a qualidade do plano para a redução do déficit no curto prazo deverá influenciar a perspectiva. Em 13 de julho, a Moody's colocou o rating dos EUA em revisão para possível rebaixamento.

"Nós ainda acreditamos que haverá uma elevação do teto da dívida em tempo. Mesmo que eles não aprovem, há maneiras de pagar os juros sobre os títulos do Tesouro, e, por isso, não esperamos que essa revisão termine em default", disse Hess em entrevista ao serviço FX Trader, da Dow Jones.

Segundo ele, uma consideração crucial a ser feita pela Moody's, e que poderá provocar um rebaixamento de rating, será se os EUA deixarem de fazer pagamentos de juros de sua dívida. A primeira "data significativa", depois do prazo de 2 de agosto, é o dia 15, quando vence um pagamento de cupom de US$ 31 bilhões.

Hess disse que na eventualidade improvável de um default, um cenário possível será a Moody's rebaixar o rating dos EUA para Aa1 e manter essa classificação em revisão. Se esse cenário se materializar, ele vai refletir a crença de que os EUA não deverão voltar ao rating AAA "num futuro muito próximo".

Ele lembrou que os ratings na casa do AA refletem o fato de que as perdas incorridas pelos detentores de bônus sejam pequenas. No caso dos EUA, disse Hess, caso seja declarado um default, "as perdas dos investidores seriam mínimas ou inexistentes. Seriam de curto prazo e seriam compensadas rapidamente".

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Hess disse ainda que embora a questão do limite da dívida seja a "razão direta" para o rating dos EUA ter sido colocado em revisão, a Moody's também levará em consideração o plano de redução de déficit que está sendo debatido no Congresso. Se o limite da dívida for elevado apenas o suficiente para que os EUA possam fazer pagamentos por uma ou duas semanas, a Moody's manterá o rating do país em revisão. As informações são da Dow Jones. (Renato Martins)

A Moody's também divulgou uma definição de default (calote). "O que a Moody's consideraria um default? Nós não consideramos pagamentos atrasados para obrigações que não sejam serviço da dívida um default", diz a agência. Em outras palavras, Obama estaria certo ao alertar que os pagamentos da previdência social não seriam feitos, mas que isso não constituiria um default.

A Moody's calcula que em agosto o pagamento de juros será equivalente a cerca de 20% da receita estimada. Um teste mais importante será o Departamento do Tesouro conseguir rolar uma dívida de US$ 59 bilhões em títulos que vence no dia 4 de agosto.

Ameaça

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No dia 14, a agência chegou a ameçar diminuir a nota do país apenas um dia após calote da dívida. Naquela ocasião, Steven Hess deu a seguinte declaração: "Como achamos que o rating provavelmente não voltará para Aaa (se houver falta de pagamento), podemos rebaixá-los no dia seguinte". Um dos cenários que ele previa, no caso de os EUA deixarem de pagar qualquer dívida, seria o rebaixamento na nota do país em um grau e a atribuição de perspectiva negativa para o rating, isso apenas um dia depois do evento.

No dia 16, o Washington Post publicou uma matéria que dizia que o governo americano havia montado uma operação para convencer consultorias e analistas do setor financeiro a não rebaixar a classificação de risco de sua dívida pública de US$ 14,3 trilhões. Segundo a publicação, autoridades americanas têm mantido contatos com esses agentes para reforçar a existência de compromisso dos líderes do Congresso em alcançar um acordo sobre o aumento do teto da dívida pública. Apenas com essa iniciativa seria possível impedir a declaração de suspensão dos pagamentos pelo Departamento do Tesouro.

Em abril deste ano, outra agência de classificação de risco, a Standard & Poor's, havia reafirmado o rating de crédito soberano de longo prazo AAA dos EUA e anunciado que reduziu a perspectiva da classificação de estável para negativa.  "Mais de dois anos depois do começo da crise recente, os formadores de política dos EUA ainda não chegaram a um acordo sobre como reverter a recente deterioração fiscal ou solucionar as pressões fiscais de longo prazo", comentou na ocasião Nikola Swann, analista de crédito da S&P. 

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Em votação

Nesta sexta-feira, a Câmara dos EUA debate de um projeto de lei do Partido Republicano que eleva o limite legal de endividamento do governo do país. A votação do projeto deverá acontecer ainda hoje.

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O projeto a ser votado hoje eleva o limite da dívida em US$ 900 bilhões, o que seria suficiente para que o governo dos EUA continuasse a funcionar até fevereiro ou março de 2012, e reduziria o déficit do governo em pouco mais de US$ 900 bilhões ao longo de dez anos. Ele também estabelece um comitê de legisladores que estudaria o Orçamento federal em busca de pelo menos US$ 1,8 trilhão adicional em redução do déficit.

Caso o projeto seja aprovado hoje pela Câmara, onde os republicanos têm maioria, ele será encaminhado ao Senado, dominado pelo Partido Democrata, do presidente Barack Obama. O projeto não deve passar no Senado, onde o líder da maioria, senador Harry Reid (democrata/Nevada), já apresentou seu próprio projeto de elevação do limite da dívida.

A versão revisada do plano dos democratas para elevar o teto da dívida do país, atualmente de US$ 14,29 trilhões devereduzir os déficits orçamentários federais em US$ 2,4 trilhões durante a próxima década, segundo Reid.

Ambos os partidos foram forçados a fazer mudanças nos seus planos para conseguir mais economias. Os democratas e os republicanos afirmaram que seus planos incluiriam medidas de redução do déficit que seriam, no mínimo, iguais ou superiores ao aumento no teto da dívida. As informações são da Dow Jones.

(Texto atualizado às 19h48)
 

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