O governo dos EUA precisa articular um plano confiável para lidar com seu crescente perfil de dívida se quiser manter seu rating de crédito AAA. A afirmação foi feita por Steve Hess, o principal analista de crédito soberano da Moody's para EUA, Leste Asiático e Austrália/Ásia, em uma entrevista à Dow Jones.
O comentário indica que a opinião da Moody's sobre os EUA mudou levemente desde que a agência de classificação de risco alertou em março sobre a necessidade de ação e sinaliza que um sentido de urgência está sendo exigido do governo norte-americano para lidar com o aumento das necessidades de empréstimos e dos custos dos juros.
Segundo Hess, se as projeções orçamentárias do governo dos EUA para a dívida como porcentagem da produção econômica nacional e para os pagamentos de juros como porcentagem da receita se materializarem nos próximos anos, o triplo A da maior economia do mundo vai entrar em intenso escrutínio.
"Se as projeções se materializarem, então em algum ponto nós teremos de ao menos refletir se isso é um AAA", disse Hess, acrescentando que tal movimento não necessariamente levaria a um rebaixamento automático. A perspectiva para o rating dos EUA continua estável.
O analista destacou que os EUA parecem não ter um plano para lidar com sua situação fiscal e muito vai depender da reação política doméstica às recomendações da comissão de responsabilidade fiscal do presidente Barack Obama em dezembro.
Hess também afirmou que, em contraste aos EUA, a saúde do crédito nos países asiáticos permanece amplamente positiva e a resiliência deles tem sido destacada pela crise de dívida da Europa, cujo pico parece ter ficado para trás.
Com relação ao Japão, a economia desenvolvida mais altamente endividada, fatores mitigantes como o superávit em conta corrente e a grande poupança interna deixam a Moody's confortável com o atual rating do país. No entanto, se as agitações políticas contrariarem os esforços de redução das necessidades de empréstimos do governo japonês, aquele país também poderá correr o risco de uma revisão de rating em algum momento, segundo Hess.
Sobre a China, Hess afirmou que a Moody's não espera uma forte desaceleração e, se isso acontecer - na forma de desaceleração do setor imobiliário ou aumento nas dívidas ruins -, o governo chinês estará bem equipado para responder. "Nós achamos que o risco de uma severa desaceleração chinesa não é tão grande", afirmou o analista.
As informações são da Dow Jones.