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Moody's vê probabilidade de duplo mergulho dos EUA em 20%

Para agência, evolução da economia dependerá da estabilização do mercado de imóveis e do crescimento adequado de postos de trabalho

Por Nalu Fernandes e da Agência Estado
Atualização:

A economia dos Estados Unidos ainda sofre com muitas incertezas, de acordo com o economista-chefe do Moody's Capital Markets Group, John Lonski. Ao programa AE Broadcast Ao Vivo, o analista estimou que a probabilidade de o país experimentar um duplo mergulho na recessão está entre 20% e 25%.

 

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Para todo o ano de 2010, Lonski reitera que é importante não perder de vista que uma taxa de crescimento econômico aceitável exige estabilização do mercado de imóveis e crescimento adequado de postos de trabalho.

 

No geral, embora a perspectiva para os EUA ainda seja boa, Lonski reconhece que há riscos e incertezas consideráveis. Entre as razões que poderiam levar o país a recair na recessão está uma nova queda dos preços de moradias. Este processo seria seguido por um aumento das execuções de hipotecas, levando a um aumento inesperado de casas a serem vendidas. Outro fator preocupante, continua Lonski, é se o mercado de trabalho não se recuperar o suficiente no país.

 

Se a economia norte-americana tiver sucesso na resolução das dificuldades existentes no mercado de imóveis residenciais, Lonski calcula que o PIB poderia crescer mais de 3% neste ano. Ao contrário, se ocorrer uma piora derivada de execução de imóveis, com calote no pagamento de hipotecas, o especialista avalia que haverá pressão considerável de baixa sobre os preços das residências e, neste cenário, ele julga que seria sorte se o PIB do país crescer 1% em 2010.

 

Ainda, o analista pondera que será difícil haver confiança na projeção de um crescimento econômico de 3% neste ano, enquanto o mercado de trabalho não registrar crescimento, medido pelo payroll, na magnitude de 100 mil novos postos de trabalho por mês. "E isto pode não ocorrer até o meio de 2010", advertiu Lonski.

 

Para o economista, o payroll relativo ao mês de fevereiro, que será divulgado na primeira sexta-feira do mês de março, no dia 5, deverá mostrar corte de 15 mil postos de trabalho. No mesmo período, "a taxa de desemprego deverá avançar de 9,7% para 9,8%", previu.

 

Nesta semana, no dia 26, Lonski projeta que o Departamento de Comércio deverá reduzir o PIB do quarto trimestre de 2009, de 5,7% para 5,0%, ao divulgar a revisão do número. Para o PIB no primeiro trimestre do ano, a projeção do analista é de avanço de cerca de 3%, ante o trimestre anterior, ainda sendo beneficiado pelos efeitos da acumulação de estoques pelas corporações locais.

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O analista pondera que o PIB ficará mais baixo depois de removida esta influência derivada da reconstrução dos estoques. Sem estes dados, o PIB real pode ficar próximo de 2% no primeiro trimestre deste ano, assim como o PIB real registrou expansão de 2,2% no trimestre final de 2009 sem contabilizá-los.

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