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Na contramão do setor, Michael Klein aumenta aposta em aviação executiva

Enquanto segmento mantém frota estagnada, empresário, sócio da Via Varejo, investe na Icon Aviation: inaugurou um hangar em Brasília, reformou sala vip no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e comprou dois aviões e um helicóptero

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Por Luciana Dyniewicz
Atualização:

Em meio ao marasmo da aviação executiva, o empresário Michael Klein impulsiona seu negócio no setor: comprou dois aviões e um helicóptero neste ano, reformou a sala vip do aeroporto Santos Dumont, no Rio e, nesta semana, inaugurou um hangar em Brasília. Com a ajuda da Copa do Mundo e das eleições, a meta de Klein é que o faturamento de sua empresa Icon Aviation cresça 40% em 2018, ainda que o segmento esteja longe de sua melhor fase.

“É importante investir durante a crise para estar preparado quando o mercado melhorar”, repete o ex-presidente da Casas Bahia e acionista da Via Varejo. Klein fundou sua companhia de aviação executiva, que aluga “garagens” para aviões de terceiros e freta aeronaves, em 2012, justamente quando o segmento esfriava após anos de expansão. A crise, porém, não freou o projeto. Só neste ano, os investimentos na ampliação da companhia devem somar cerca de R$ 58 milhões, considerando a cotação do dólar desta sexta-feira.

“É importante investir durante a crise para estar preparado quando o mercado melhorar”, afirma Michael Klein Foto: SERGIO CASTRO/ESTADÃO

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Com os aportes, Klein espera que a empresa fature R$ 140 milhões em 2018 e que, nos próximos anos, represente metade do braço imobiliário de sua holding, o Grupo CB. No ano passado, esse segmento, que tem 440 imóveis e mais de três quartos deles alugados para a Casas Bahia, teve uma receita bruta de R$ 400 milhões. “A crise ajuda (na locação de aeronaves). Hoje, fretamos muito para ex-donos de aviões, que acabaram vendendo suas aeronaves porque o custo de manutenção era muito alto”, diz. 

A Copa do Mundo foi outra aposta. Segundo o empresário, durante o evento, houve uma alta demanda por aeronaves para viagens até a Rússia. No acumulado do ano até julho, a demanda por fretamento na Icon cresceu 115%. A expectativa agora é com a corrida eleitoral, quando os partidos alavancam o mercado ao alugar aeronaves para campanhas. “Espero que isso nos ajude a manter o ritmo. A questão é que não podemos abrir mão dos clientes regulares para atender os partidos.”

O empresário conta ainda que, neste ano, os políticos estão insistindo em tarifas mais baratas, dado o limite de recursos disponíveis, e abrindo mão de aeronaves exclusivas. 

Holding em expansão 

Além das ampliações na aviação executiva, a holding de Klein também está expandindo suas outras divisões. Em julho, ele anunciou a entrada do braço imobiliário do grupo CB no segmento de galpões logísticos. Na área de concessionárias de veículos – hoje, a companhia tem uma da Mercedes Benz em Jundiaí (SP) – a intenção é participar da concorrência para abrir uma segunda unidade em Araraquara (SP). “O pessoal que compra Mercedes não está sentindo tanto essa crise”, afirma.

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Sobre a Via Varejo, dona da Casas Bahia e do Ponto Frio, Klein afirma que vai acompanhar o controlador – o Grupo Pão de Açúcar (GPA), que detém 62,5% de participação – em uma possível venda. A família Klein tem 16,4% e acionistas minoritários, o restante.

No fim de 2016, o GPA anunciou intenção de se desfazer da empresa. Seis meses depois, Klein quis ficar com a Via Varejo, mas o negócio não prosperou. “A empresa irá a o Novo Mercado (segmento de mais alto nível de governança da Bolsa). Aí, a participação da controladora cai a 43% (com o fim da separação de ações ordinárias e preferenciais). Não haverá pressa para ela vender sua participação. E vamos ficar com o controlador.”

Frete está longe do patamar anterior à crise

O fretamento de aeronaves executivas está longe de voltar ao patamar anterior à recessão, segundo Leonardo Fiuza, presidente do conselho de administração da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag). “É fato que, por causa da crise, teve quem vendeu e está fretando. Mas o mercado estava tão ruim, que houve uma pequena melhora”, diz o executivo, que também comanda a TAM Aviação Executiva.

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O fretamento é muito sensível aos ciclos econômicos, explica Fiuza, já que a maior demanda vem de empresas que precisam movimentar seus funcionários pelo País.

Na Líder, maior empresa do segmento no Brasil, com 62 aeronaves e sede em Belo Horizonte, houve um aumento de 18% no número de horas fretadas nos sete primeiros meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2017. “As eleições dão uma aquecida, então fica difícil saber o que realmente vai ficar após esse período”, afirma o presidente, Eduardo Vaz. Segundo ele, ainda que tenha havido uma recuperação em 2018, o volume de fretamento atual é cerca de 20% inferior à média registrada entre 2007 e 2012, período em que o setor viveu um “boom”. 

As margens da Líder também acabaram sendo comprimidas nos últimos anos e hoje correspondem a 75% da média histórica. Entre 2015 e 2016, no entanto, esse número chegou a 50%, de acordo com Vaz. 

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Apesar da debilidade do setor, a companhia comprou um jato de US$ 5 milhões neste ano e, na virada de 2017 para 2018, um modelo da Embraer de US$ 7 milhões. “Mas agora, para compensar, estamos vendendo uma aeronave antiga. São investimentos pé no chão. O mercado não está tão pujante para justificar um investimento agressivo”, acrescenta.

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