PUBLICIDADE

‘Não há nada que nos condene a ter inflação acima do centro da meta’, diz Tombini

Segundo o presidente do Banco Central, o órgão vai continuar a perseguir o centro da meta, de 4,5%

Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Renata Veríssimo , Eduardo Rodrigues , Victor Martins e da Agência Estado
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que "não tem nada que nos condene a ter uma inflação acima do centro da meta". Segundo ele, o BC vai continuar a perseguir o centro da meta. "Vamos perseguir. Estivemos muito próximos em meados de 2012 do centro da meta", disse.

PUBLICIDADE

A resposta veio em função de questionamentos de senadores sobre a manutenção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) perto do teto da meta nos últimos quatro anos. O senador Armando Monteiro Neto (PTB/PE) afirmou que o Brasil tem inflação alta para padrões internacionais e que se indaga sobre as causas estruturais desse fenômeno. "Indica que há uma demonstração de resignação do BC sobre os fatores estruturais que não podem ser vencidos pela política monetária", disse.

Em cerca de três horas de audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Tombini repetiu os argumentos da última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e introduziu, apenas, uma avaliação sobre o comportamento dos preços dos alimentos in natura. Sinalizou também que pode haver uma revisão nas previsões do BC para a evolução dos preços administrados nesse ano e no próximo na divulgação do próximo relatório de inflação, no final desse mês.

"A alta variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos doze meses contribui para que a inflação ainda mostre resistência, que, a propósito, tem se mostrado ligeiramente acima daquela que se antecipava. Somem se a isso pressões localizadas que ora se manifestam, especialmente no segmento de alimentos in natura. Em princípio, trata se de um choque temporário e que tende a se reverter nos próximos meses. Mesmo assim, a política monetária deve atuar de modo a garantir que os efeitos desse choque se circunscrevam ao curto prazo", afirmou. "A política monetária tem que se manter vigilante para evitar riscos de que níveis elevados de inflação persistam no horizonte", afirmou. Tombini disse que a instituição trabalha para tornar os choques de alimentos temporários. "A seca afetou os grãos, depois veio a chuva e afetou os hortifrutis. Esses choques, por definição, são temporários", afirmou.O presidente da autoridade monetária repetiu várias vezes que o BC está vigilante ao comportamento dos preços e, repetindo a ata, que os efeitos da política monetária estão defasados e serão sentidos mais a frente. Tombini disse que a depreciação cambial tem levado ao realinhamento dos preços. Novamente repetindo a ata, ele disse que esse movimento é fonte de pressão inflacionária no curto prazo, mas os efeitos mais longos podem e devem ser contidos pela política monetária.Consumo. O presidente do BC também culpou o ingresso de 40 milhões de consumidores no mercado pela inflação no setor de serviços. "O serviço tem produtividade diferenciada de outros setores e pode evoluir", afirmou. "Por falar em questões estruturais, temos essa absorção de novos consumidores e demandadores de serviços e há uma resposta da oferta com defasagem. Temos de utilizar a política econômica para controlar esse desequilíbrio", disse.

Apesar das divergências no mercado, Tombini não emitiu sinais claros sobre o ritmo e a continuidade do aperto da política monetária. Embora analistas acreditem que o ciclo possa se estender para além de abril, o presidente do BC manteve o discurso de que choques são temporários e que efeitos de medidas já adotadas ainda serão incorporadas à dinâmica de preços.

Caixa. Apesar de ser o tema da audiência pública, Tombini apenas comentou sobre o encerramento das contas de poupança pela Caixa em 2012 após provocação do senador Agripino Maia (DEM-RN). Ele defendeu a atuação da autoridade monetária que, segundo ele, foi tempestiva e irá garantir que nenhum poupador saia no prejuízo.

Tombini não respondeu às perguntas do senador Randolfe Rodrigues (PSOL/AP) sobre a crise energética no País. Ele defendeu que a presidente Dilma Rousseff falasse à Nação em cadeia de rádio e TV sobre o problema enfrentado pelo País, assim como fez quando anunciou uma queda de 20% nas tarifas de energia. Coube a senadora e ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT/PR), sair em defesa do governo. Segundo ela, não haverá problema de racionamento ou de aumentos significativos na conta de luz. "O Brasil está preparado", disse. A senadora afirmou que haverá uma frustração de expectativas para aqueles que apostarem em uma crise energética.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.