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Negociação com Boeing está em fase final, afirma presidente da Embraer

Concessão de assento no conselho de administração da nova empresa à Embraer foi entrave superado entre as companhias

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Por Luciana Dyniewicz , Monica Scaramuzzo , Vera Rosa e Julia Lindner
Atualização:

O presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, disse nesta quarta-feira, 4, ao Estado que as conversas para a venda de parte da fabricante brasileira de aviões para a Boeing estão próximas de serem concluídas. “Estamos em negociação final”, destacou. O acordo dependerá do aval do governo federal. No fim da noite, fonte envolvida nas tratativas disse à colunista Sônia Racy que o acordo já estava fechado. 

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As duas companhias vão formar uma nova empresa que envolverá a área de jatos comerciais da brasileira, ficando de fora os segmentos militar e executivo.  O acordo está aquém do que pretendia a americana, que tinha planos de levar todos os negócios da Embraer.

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O presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, afirmou ao Estado que conversas para a venda de parte da fabricante brasileira de aviões para a Boeing estão próximas de serem concluídas Foto: Remo Casilli|Reuters

 A divisão na participação da nova empresa deverá ser de 80% para a Boeing e de 20% para a Embraer. A Boeing deverá atribuir um prêmio de 50% sobre o valor das ações da Embraer, apurou o Estado. Um memorando de entendimento deverá ser divulgado nos próximos dias.

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Um dos entraves nas conversas entre as fabricantes de aviões – a composição do conselho de administração da nova companhia – avançou nas últimas semanas: a brasileira deverá ficar com pelo menos um assento no colegiado, que terá entre 9 e 11 cadeiras, segundo pessoas próximas à Boeing. O acordo em discussão também prevê que a marca Embraer deixe de ser usada nos jatos comerciais.

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Após o anúncio do negócio, a implementação do projeto federal ainda dependerá do aval governo e da aprovação dos órgãos reguladores nacionais e internacionais, além dos conselhos de administração das empresas.

Interlocutores do governo estimam que serão necessário entre três e quatro meses para realização de auditorias e avaliações jurídicas sobre a negociação. Somente ao final desse processo, o governo será formalmente provocado e irá se manifestar para dar aval ou não ao acordo.

Empregos. Detentor de uma ação especial (“golden share”) da Embraer que lhe dá direito a veto em decisões importantes, o governo brasileiro estabeleceu que, além da exclusão da área de defesa no negócio, a manutenção dos empregos será uma das principais diretrizes para aprovar a criação da nova companhia. Na lista das questões estratégicas definidas por Brasília como essenciais para o negócio está, ainda, a capacidade de desenvolvimento tecnológico.

Um auxiliar do presidente Michel Temer disse que é preciso “juntar dois interesses e encontrar pontos de convergência". Segundo ele, a preservação de empregos “tão qualificados”, num momento como esse, é uma questão “estratégica.” A garantia de suprimento e a manutenção de peças das aeronaves também são vistas como primordiais para o negócio. 

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Interferência. A preocupação do Palácio do Planalto, porém, é não passar a mensagem de interferência nas negociações. O assunto é tratado como sigiloso por causa da repercussão sobre as ações da Embraer na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo. Nesta quarta, após as notícias de que o acordo entre as companhias está próximo de ser fechado, as ações da Embraer fecharam o dia com alta de 4,35%.

O interesse da Boeing é reforçar, com a aquisição, sua atuação na aviação comercial de médio porte, segmento no qual a Embraer é líder.

O acordo, que envolve, por exemplo, a fabricação de aviões de 150 lugares, está em negociação desde o ano passado, quando a Airbus surpreendeu o mercado global ao anunciar a compra de 50,1% do programa de jatos comerciais da canadense Bombardier, que concorre diretamente com a Embraer.

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Procurada, a Boeing informou que as negociações continuam.

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