PUBLICIDADE

Publicidade

Nos EUA, funcionários do Burger King usam letreiro de loja para pedir demissão

Funcionários de restaurante na cidade de Lincoln, no Estado do Nebraska, que se queixavam de condições de trabalho e de tratamento injusto, deixaram o emprego coletivamente

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Dois funcionários se revezaram subindo e descendo uma escada para remover os letreiros de uma loja do Burger King e anunciar um pedido de demissão coletiva. 

PUBLICIDADE

O recado, claro, escrito em frente a uma unidade da rede na cidade de Lincoln, no Estado americano do Nebraska, foi a forma que os funcionários encontraram de mostrar que chegaram ao “fundo do poço” de sua insatisfação com o tratamento que recebiam, com o time reduzido e a alta temperatura da cozinha – que chegou a causar a internação de uma trabalhadora por causa de uma desidratação.

“Nós pedimos demissão”, dizia o recado audacioso. “Desculpe pela inconveniência.” A mensagem foi originada em uma brincadeira entre os funcionários, cuja intenção inicial era fazer um pedido de desculpas aos clientes e uma provocação à alta gerência, disse Kylee Johnson, um dos nove trabalhadores (de um total de 11) que pediram dispensa do serviço.

Letreiro do Burger King, no Estado de Nebraska, EUA: 'Nós pedimos demissão'. Foto: Rachel Flores

Os supervisores não acharam a brincadeira tão engraçada. No mesmo dia em que a mensagem foi colocada, segundo Johnson, a gerente geral do restaurante, Rachael Flores, recebeu uma mensagem de uma de seus chefes ordenando que o recado fosse retirado.

Flores foi demitida pela rede e confirmou toda a história a uma emissora local de televisão – a primeira a noticiar sobre a mensagem no letreiro da rede de fast food.

Trabalhar no setor de serviços durante a pandemia despertou algo em Flores. Em um momento como o atual, há muitos empregos disponíveis na área de alimentação. E ela concluiu que não precisava continuar em um local onde se sentia maltratada mesmo colocando sua saúde em risco para trabalhar presencialmente. 

“Nós nos tornamos essenciais”, reiterou Johnson. “E não estávamos sendo tratados como essenciais pela alta gerência.”

Publicidade

Os clientes também eram problemáticos. Muitos tratavam os funcionários como se fossem preguiçosos, disse o ex-funcionário. Segundo ela, não valia a pena receber US$ 12,25 para fazer parte de uma equipe obrigada a fazer todo o tipo de função.

O Burger King, cujas vendas dispararam durante a pandemia, não respondeu a um pedido de comentário do The Washington Post, mas disse à rede NBC, por meio de sua assessoria de imprensa, que “as condições de trabalho descritas para essa loja não está alinhada com os valores da nossa marca”. O franqueado está sendo investigado para evitar incidentes similares, disse a empresa.

Outros exemplos. O episódio do Burger King é mais um em uma série de casos de trabalhadores deixando clara sua insatisfação na internet. Com falta de mão de obra para esse tipo de serviço, os empregadores foram obrigados a melhorar condições de trabalho e salários para preencher vagas. Essa tentativa de buscar melhores condições também reflete os pacotes de ajuda liberados pelo governo americano durante a pandemia.

Mesmo assim, no Nebraska, as reclamações dos funcionários foram ignoradas. Depois que o calor na cozinha forçou Flores a deixar o trabalho e sair mais cedo, o que a fez perder parte de uma reunião, o chefe dela afirmou que a funcionária se comportava como uma “criança”. Ela foi hospitalizada naquele dia, com desidratação. 

Vários dos funcionários finalmente apresentaram suas demissões em 27 de junho, depois que Flores abriu o caminho, explicou Johnson. A maioria já encontrou outros empregos. 

Após a debandada dos colaboradores, a loja do Burger King em Lincoln continua com menos funcionários do que o necessário. Anúncios virtuais afirmam que a unidade está contratando um atendente, um cozinheiro, um coordenador de turnos freelancer, um gerente júnior e um gerente geral.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.