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‘Novela’ da venda da TAP pode acabar nesta quinta-feira

Ao bater martelo sobre privatização da companhia, governo português encerraria processo de 15 anos; Azul e Avianca estão na disputa

Por Marina Gazzoni
Atualização:

Os ministros portugueses vão discutir nesta quinta-feira as propostas de compra da companhia aérea estatal TAP, que está em fase de privatização. De acordo com informações do governo português, o anúncio da decisão sobre quem comprará a empresa está previsto para esta quinta-feira, mas pode ser adiado se os ministros solicitarem um prazo maior para avaliar as propostas. Os grupos que disputam a TAP são liderados pelos controladores das companhias aéreas brasileiras Azul e Avianca - os empresários David Neeleman e Germán Efromovich, respectivamente.“Nunca estivemos tão perto da conclusão do processo de privatização”, disse ao Estado o presidente da TAP, Fernando Pinto. “Fizemos estudos sobre as vantagens financeiras e estratégicas de cada uma das propostas. Essa análise está nas mãos do governo e a decisão final é dos ministros”, disse o executivo, sem informar os detalhes sobre as propostas recebidas.

Voos para o País representam cerca de 40% do movimento da companhia portuguesa em 2014 Foto: JOSE MANUEL RIBEIRO/REUTERS

De acordo com Pinto, o processo de due dilligence (checagem financeira) da empresa já foi feito. Após a decisão do governo português, a concretização da venda ainda depende do aval das autoridades regulatórias de concorrência e aviação de Portugal.  Nesta quinta-feira a TAP voa para 88 destinos em 38 países com uma frota de 77 aviões. A empresa atraiu investidores brasileiros porque é forte no País. A TAP opera 84 voos semanais para o Brasil - rotas transportaram cerca de 40% de seus passageiros em 2014. Com dívida estimada em  1 bilhão, a TAP conta com o processo de privatização para receber uma injeção de capital.Terceira rodada. Essa é a terceira vez que o governo português tenta privatizar a TAP. A primeira tentativa, em 2000, fracassou quando a Swiss Air, vencedora do leilão, desistiu do negócio. Em 2012, o governo português só conseguiu atrair um interessado pela empresa - Germán Efromovich, da Avianca - e recusou sua proposta. Desta vez, o governo colocou à venda uma fatia de 66% da empresa, sendo 61% para investidores privados e 5% para os trabalhadores da companhia. Em maio, na primeira fase do processo de privatização que está em curso, o governo português recebeu propostas de três grupos interessados na empresa. Além de Neeleman e Efromovich, o empresário português Miguel Pais do Amaral entrou na disputa, mas sua proposta foi desclassificada e não seguiu para a segunda fase. Depois de receber o aval do governo português, Neeleman e Efromovich apresentaram no último dia 5 a versão mais detalhada de seus planos. O conteúdo não foi divulgado, mas, segundo a imprensa portuguesa, incluem planos de renovação da frota da TAP.Resistência. A privatização da TAP enfrenta resistência de grupos da sociedade civil e dos trabalhadores. Em maio, quatro sindicatos ligados à aviação, entre eles o de pilotos, divulgaram carta contra a venda da empresa. Os sindicatos organizaram diversas greves nos últimos meses e chegaram a suspender o processo de venda por duas vezes, mas o governo português destravou o processo, alegando “interesse público”.

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