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Odebrecht quer alguns dias para pagamento de dívida

Empresa tem até esta quarta-feira, 23, para pagar R$ 500 milhões em bonds; acordo com os bancos ainda não foi concluído

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Foto do author Fernanda Guimarães
Por Cynthia Decloedt (Broadcast), Aline Bronzati (Broadcast) e Fernanda Guimarães
Atualização:

Apesar de correr contra o tempo para evitar uma inadimplência, a Odebrecht S.A. trabalha para postergar por alguns dias o pagamento de R$ 500 milhões em bônus, que vencem amanhã, e transformar o evento em uma situação, apenas, de “calote formal”. No entanto, se ainda assim o grupo não honrar seu compromisso – opção que pessoas próximas à companhia descartam – detentores de 25% dos títulos da dívida podem solicitar a antecipação de todos os pagamentos da Odebrecht Engenharia e Construção (OEC), além dos próprios bonds em questão.

Nas negociações com os bancos, a Odebrecht aceitou pagar cerca de R$ 100 milhões em dívidasque tinha com BB e BNDES Foto: JF Diorio/Estadão

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Existe, no entanto, uma interpretação de que a empresa pode ter 30 dias de carência (o chamado período de cura) para escapar do default, apesar de o contrato explicitar que não havendo o pagamento do principal a dívida pode ser acelerada. Fontes ligadas à construtora garantem que, mesmo que o acordo não seja fechado até amanhã, a empresa vai fazer o pagamento.+ Odebrecht terá semana decisiva para seu futuro

Mas, sem a conclusão da negociação com os bancos até a tarde de ontem, os detentores dos títulos da OEC já estavam preparados para ficar sem o pagamento. Os bônus perpétuos da construtora Odebrecht, que têm maior liquidez, operaram até o meio da tarde no exterior embutindo tal perspectiva. Não há negócios com os bônus que estão vencendo e é baixíssimo o volume de negócios há algum tempo.+ Brasil foi país do G-20 que mais avançou no combate a 'laranjas' no sistema financeiro

A Odebrecht ainda tenta convencer Banco do Brasil, Santander e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a abrir mão da preferência das ações da Braskem que foram dadas como garantias em outro empréstimo. Isso porque Bradesco e Itaú Unibanco concordaram em emprestar até R$ 2,5 bilhões em recursos novos para o Grupo desde que passassem a ter prioridade nesses papéis, que foram oferecidos como garantia. Segundo fontes, as conversas tiveram algum avanço no final da tarde de ontem. Mas o Banco do Brasil mantém a premissa de que não vai enfraquecer suas garantias.

Procurada, a Odebrecht S.A. afirmou que continua empenhada na negociação com os bancos de seu relacionamento. “Por sua dimensão e pelo número de bancos envolvidos, trata-se de uma negociação complexa e demorada. Esta é uma operação de caráter estruturante para a Odebrecht e que ao mesmo tempo beneficiará todos os credores.” A Odebrecht Engenharia e Construção, por sua vez, informou também que continua a concentrar esforços para honrar seus compromissos de curto e longo prazos.+ Infográfico: A maior delação da Lava Jato

Envolvida na Lava Jato, a empresa teve um baque nas receitas. A construtora, que era a segunda maior fonte de recursos do grupo, despencou. Em 2014, o estoque de projetos em carteira era de US$ 33,8 bilhões. Até setembro passado, havia recuado para US$ 14,4 bilhões. 

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O aporte que vem sendo negociado com os bancos seria usado para quitar a dívida atual e dar fôlego para a empresa se estruturar.

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