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Ometto, da Cosan, diz que vai olhar ‘um a um’ os ativos à venda pela Petrobrás

Diante dos efeitos dos escândalos de corrupção e da crise econômica, Petrobrás se prepara para vender US$ 14 bilhões em ativos, incluindo fatia da BR Distribuidora, além de gasodutos e termoelétricas

Foto do author Aline Bronzati
Por Aline Bronzati (Broadcast), Ricardo Leopoldo e Álvaro Campos
Atualização:
Ativos de gás natural e combustíveis se encaixariam no Grupo Cosan, de Ometto Foto: Márcio Fernandes|Estadão

O empresário Rubens Ometto Silveira Mello, presidente do conselho de administração do grupo Cosan, disse que tem interesse em ativos da Petrobrás. “A companhia tem ótimos ativos. Vamos olhar um por um”, afirmou ele ontem, durante evento sobre a economia brasileira realizado pelo Itaú BBA.

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Sobre os negócio da estatal que fazem mais sentido para o grupo, Ometto citou os dos setores de energia e de gás natural como os mais atraentes. A Cosan é controladora da Comgás, companhia de gás canalizado com atuação em 177 municípios do Estado de São Paulo, e sócia da Raízen, joint venture com a Shell que atua em distribuição combustíveis e também no setor sucroalcooleiro.

O grupo de Ometto, que se diversificou nos últimos anos, também possui negócios em lubrificantes, gestão de terras e soluções em transporte e armazenagem. Além disso, a Cosan Logística é a principal acionista da Rumo ALL, principal operadora de ferrovias do Brasil.

Entre os ativos da Petrobrás que podem fazer sentido para a Cosan estão os gasodutos da estatal e a BR Distribuidora. Esses são os ativos mais evidentes. No entanto, há outras opções, caso a empresa queira diversificar e ingressar em outros segmentos a partir do desinvestimento da petrolífera.

Com problemas financeiros, a Petrobrás planeja a venda de ativos de mais de US$ 14 bilhões este ano. Há expectativa de que a companhia possa se desfazer de uma participação minoritária na subsidiária BR Distribuidora, de combustíveis, além de gasodutos e usinas de geração termoelétrica, entre outros.

Preços. Questionado sobre a política de preços da Petrobrás para a gasolina, o empresário afirmou que a estatal deve manter o valor atual. Para Rubens Ometto, não faz sentido a Petrobrás reduzir preços de combustíveis para tentar ampliar o consumo e ganhar mercado.

“O consumo de combustíveis diminui 5%, 6%, mas isso não tem nada a ver com preços. A Petrobrás diminuir preço com objetivo de aumentar demanda seria uma decisão errada. O consumo está caindo porque a economia está em recessão. Felizmente parece que eles desistiram disso.”

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Ometto afirmou que sua divisão de combustível não está sofrendo muito com a queda no consumo graças à ampliação do número de postos em parceria com a Shell. Na questão do gás natural, o grupo notou uma forte redução no consumo industrial, mas, em compensação, houve aumento no uso doméstico, com o fim da estiagem, que faz as pessoas tomarem banhos mais longos.

O executivo afirmou que sempre procurou, em suas empresas, manter uma postura rígida nas contas. Hoje, a relação dívida em relação à geração de caixa (medida pelo Ebitda, ou lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) está em torno de 2,6 vezes, mas ele “quer diminuir” essa relação.

Segundo Ometto, com o grande déficit do governo e os juros elevados, muitas empresas estão enfrentando problemas. “Com esses juros tão altos, ninguém consegue remunerar investimentos”.

Mesmo assim, Ometto disse que a crise cria oportunidades. “A própria Petrobrás iniciou um amplo programa de desinvestimentos. Nós temos apetite, mas sempre para projetos de alto retorno e com sinergia grande, voltados para nossa área de atuação”, disse.

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A recessão no País, segundo ele, está provocando uma redução de custos de mão de obra nos setores de infraestrutura e energia. “Com o aumento do desemprego, estamos conseguindo melhor margem para negociação (de salários).”

Açúcar e álcool. Apesar de estar olhando novas oportunidades, Ometto não tem interesse em ampliar a fatia do grupo no setor sucroalcooleiro e foi enfático: “Em hipótese nenhuma”, frisou o empresário. “(Estamos) sempre melhorando a produtividade do que já temos implantado (...) tentando tirar mais. (Não queremos) nem usinas nem aquisições, estamos satisfeitos com o tamanho em que estamos.”

Segundo ele, no entanto, o interesse de investimento no setor por parte de estrangeiros, que enfrenta uma crise desde a safra 2008/09, está voltando. / COM REUTERS

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