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Ordem judicial encerra ocupação em Belo Monte

 Índios e pescadores acamparam no local e paralisaram obras da usina

Por Fátima Lessa
Atualização:

Cerca de 300 pessoas - indígenas, pescadores e ribeirinhos - ocuparam na madrugada de quinta-feira os canteiros de obras da Usina de Belo Monte, no Pará, e impediram a continuidade das obras. Para acabar com o protesto, a juíza Cristina Collyer Damásio, da 4.ª Vara Cível de Altamira, determinou no fim da tarde de ontem a desocupação do local, "proibindo quaisquer atos de turbação ou esbulho que comprometam o andamento da obra". Na noite de ontem, a assessoria de imprensa da Norte Energia, responsável pela obra, informou que os manifestantes já haviam se retirado.

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Durante o protesto, lideranças indígenas, pescadores e ribeirinhos exigiam a paralisação do empreendimento hidrelétrico. Os manifestantes chegaram a avisar que não aceitavam negociar. "Não importam as armas e as ameaças físicas, morais e econômicas que usaram contra nós, somos contra o projeto de barramento e assassinato do Xingu", disse a liderança a liderança indígena xipaia, Juma Xipaia.

"Nós só vamos sair quando o governo mandar um representante com poderes para assinar um termo de paralisação e desistência definitiva da construção da Belo Monte."

As manifestações contra a Usina de Belo Monte continuam. Em Mato Grosso, o cacique caiapó Megaron Tchucaramãe disse que a partir de hoje os índios acamparão em frente à prefeitura de Colíder. "Temos que apoiar os outros e por isso decidimos ficar em frente da prefeitura porque Belo Monte vai atingir a todos, não só quem tá lá", disse.

Influência

Em nota, a Norte Energia disse que a maior parte dos manifestantes veio de fora da região de influência da usina. "Causa estranheza que o grupo de manifestantes, em sua maioria arrebanhados em outras regiões, liderado por pessoas movidas por interesses alheios aos nacionais, tenha ocupado uma área privada, resultando em desnecessária conturbação da ordem pública, constrangimento e intimidação aos trabalhadores", diz o comunicado.

A ocupação do canteiro de obras vda hidrelétrica de Belo Monte vinha sendo discutida desde o último dia 17, um dia após o adiamento da votação da ação civil sobre a continuidade da obra pelo Tribunal Regional Federal 1ª Região (TRF/1.ª).

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Houve pedido de vista do desembargador Fagundes de Deus. O estopim para que a ocupação acontecesse de fato, segundo Megaron, foi a prorrogação pela segunda vez da votação da ação civil pelo TRF. Na quarta-feira, houve novo pedido de vista. 

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