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Orizon vai investir R$ 70 milhões em maior unidade de triagem de resíduos recicláveis do País

Empresa de tratamento de lixo, que estreou na Bolsa em março, recebe mais de 20 mil toneladas de resíduos sólidos por dia; ecoparque de Pernambuco vai receber sistema de separação de materiais comprada da alemã Stadler

Por Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

RIO - A empresa de tratamento e valorização de resíduos Orizon vai construir a maior planta de triagem mecânica do País em Pernambuco, utilizando tecnologia alemã e dentro da sua estratégia de agregar valor aos aterros sanitários da companhia. O investimento será de R$ 70 milhões e vai garantir o tratamento de 500 mil toneladas de resíduos sólidos ao ano no ecoparque de Jaboatão dos Guararapes, um dos cinco da empresa que estreou na B3, a Bolsa brasileira, este ano e chamou a atenção de grandes corretoras como BTG e XP.

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Com ESG (sigla em inglês para os aspectos ambiental, social e de governança) no DNA, como diz o presidente da empresa, Milton Pilão, o objetivo da Orizon é aumentar o faturamento com a valorização do lixo, à medida que a receita com a destinação (aterro) vai diminuindo. 

Em 2013, quando Pilão e seu sócio adquiriram ativos que viriam a compor a atual empresa, a destinação dos resíduos por meio de operações em aterro representavam 99% dos ganhos. Hoje, esse segmento caiu para 63%. O resto da receita é obtida por venda de energia gerada pelo lixo, biogás, reaproveitamento de resíduos, créditos de carbono e consultoria.

"Vamos instalar plantas como essa que acabamos de adquirir a cada seis meses, nos próximos quatro anos, e a tendência é adquirir novos aterros em outros Estados", informou Pilão ao Estadão/Broadcast.

Aterro operado pela empresa de tratamento de lixo Orizon. Foto: Orizon/Divulgação

O sistema de triagem - Unidade de Triagem Mecânica (UTM) -, adquirido da alemã Stadler, vai receber os resíduos sólidos e fazer a separação mecanizada dos materiais que podem ser enviados à reciclagem para aproveitamento na cadeia produtiva da indústria.

Segundo Pilão, a tecnologia traz melhor produtividade, com reaproveitamento de 75% a 85% de material reciclável e potencial de produção de até 100 mil toneladas por ano de combustível derivado de resíduos.

Com a nova planta de Pernambuco, a Orizon passa a ter receitas extras, como a venda de plástico para a Braskem, disse Pilão. Além da venda de papel, vidro e créditos de reciclagem (reciclagem reversa) para outras empresas - documento que comprova que o lixo teve uma destinação ambientalmente responsável. "Das 500 mil toneladas por ano que a gente vai receber, 5% é plástico, ou seja, 20 mil a 25 mil toneladas de plástico por ano que vão voltar para o mercado", disse.

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Expansão para outros Estados

Presente no Rio de Janeiro, Pernambuco e Paraíba, a Orizon tem projetos de licenciamento de aterros em Minas Gerais, Goiás, Paraná,Santa Catarina e Rio Grande do Sul. "Boa parte dos recursos do IPO vão para novos aterros sanitários, para aumentar a base de resíduos. A tendência é adquirir novos aterros em outros Estados nos próximos meses", disse o executivo.

Segundo o presidente da Orizon, Milton Pilão, tecnologia alemã permite o reaproveitamento de até 85% domaterial reciclável. Foto: Orizon/Divulgação

A empresa recebe lixo de 20 milhões de pessoas por ano, além dos resíduos de 700 indústrias, e de mais de mil grandes geradores (prédios comerciais,shopping centers, grande comércio). Diariamente, recebe mais de 20 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos gerados por 12% da população brasileira. 

Criada em 2013, desde 2017 a Orizon começou a implantar plantas de valorização de todos os aterros, que passaram a ser chamados de ecoparque. Pilão explica que o aterro faz apenas o encapsulamento e o aterramento do resíduo, enquanto o ecoparque extrai valor dos subprodutos, como o biogás, e retorna para a cadeia produtiva em forma de matéria-prima os resíduos descartados pela indústria.

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Do lixo, a Orizon tira ainda o Combustível Derivado de Resíduo (CDR), que corresponde entre 20% e 25% do total de resíduos, uma biomassa que substitui o coque, combustível fóssil. "A maior cliente do CDR são as cimenteiras brasileiras, que têm programa de substituição do coque por combustível renovável", informou.

Em créditos de carbono, os ganhos são de cerca de US$ 2,5 milhões por ano, sendo a Orizon a primeira empresa no mundo a ter aterro sanitário incluído no mecanismo de desenvolvimento limpo de carbono da ONU.

"Nossa inclusão no programa da ONU trouxe a certificação para geração de créditos de carbono em Nova Iguaçu, e hoje todos os aterros foram certificados. E ainda ganhamos segundo crédito de carbono porque a gente pega esse gás que não vai para atmosfera e gera energia renovável que substitui energia fóssil", disse Pilão, lembrando que, se não for tratado, o lixo gera gás metano, 31 vezes mais poluente que o CO2. No Brasil ainda existem 3 mil lixões, ressaltou.

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