A rede de farmácias Pague Menos está em uma cruzada para aumentar suas vendas pela internet. Para isso, bebeu em fontes de varejistas como o Magazine Luiza, utilizando a estratégia de recrutar revendedores online, que criam suas próprias minilojas, que comercializam produtos que são entregues diretamente pela companhia.
“Sempre houve muito porta a porta nas nossas vendas, e resolvemos investir nessa modalidade no digital. Os micro influenciadores, que compartilham as experiências com amigos, podem aumentar suas rendas neste período de inflação e desemprego altos”, diz Samir Mesquita, diretor de estratégia digital na Pague Menos, e criador do projeto chamado Minha Pague Menos.
Idealizada no começo deste ano, a plataforma começou a funcionar em abril, inicialmente apenas em Pernambuco. Desde então, já foram realizadas mais de 10 mil vendas nas 5 mil lojas online abertas. “Com isso, podemos ter 50 lojas físicas em uma cidade e 10 mil digitais. A iniciativa dá uma nova visão para os negócios da empresa. Vamos continuar a abrir lojas físicas, mas o digital nos dá um potencial de escala muito grande”, diz Mesquita.
Quem embarca no projeto digital da farmácia ganha uma comissão pela venda de seus produtos, como acontece no mundo físico com os revendedores de cosméticos. A Avon e o Magazine Luiza também contam com uma plataforma de criação gratuita de lojas virtuais para revendedores, que promovem suas marcas e produtos no digital.
Na ponta dos dedos
A Pague Menos vem aumentando a relevância do comércio eletrônico no seu número de vendas. No primeiro trimestre deste ano, o faturamento de R$ 189,4 milhões nos canais digitais representou um crescimento de 63,1% ante a igual período no ano anterior, ou9% das vendas da companhia. As lojas físicas da empresa também funcionam como pontos de retirada de compras feitas via internet.
Mesmo com a ampliação dos canais digitais, a receita da Pague Menos ainda é equivalente a um terço da obtida neste segmento pela Raia Drogasil, líder no setor de farmácias no País. A líder do setor faturou R$ 656 milhões no primeiro trimestre de 2022 apenas nas vendas online, um crescimento de 51,2% ante o período no ano anterior. Em 2020, a Raia Drogasil começou a atuar com vendas de terceiros no formato marketplace, movimento que foi seguido pela Pague Menos em 2021.
Para Fernando Moulin, especialista em transformação digital e sócio da consultoria Sponsorb, o crescimento das vendas das empresas farmacêuticas ocorreu devido à integração entre o digital e as lojas físicas. “A loja tem custo de aluguel e equipe, mas a integração com o digital aumenta a demanda dos clientes, mantendo o mesmo custo. Por isso, os resultados das farmacêuticas têm sido robustos”, diz.
Com estratégias de crescimento no comércio eletrônico como a da Pague Menos, as empresas têm potencial de aumentar a rentabilidade com produtos de consumo recorrente, como artigos de beleza, higiene e medicamentos. O desafio agora é entender mais o comportamento de cada consumidor, para fazer ofertas certeiras e não perder compras por impulso. “Os varejistas nacionais precisam ver essas empresas do setor de farmácias como novas concorrentes”, frisa Moulin.