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Países desenvolvidos precisam ceder, diz presidente da OMC

Para Pascal Lamy, nações ricas precisam 'colocar algo na mesa' se quiserem acordo com emergentes

Por Renan Carreira e da Agência Estado
Atualização:

Os países-membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) precisam decidir como acabar com o bloqueio nas negociações de Doha quando eles se reunirem em dezembro, já que o impasse está prejudicando o próprio sistema, disse nesta segunda-feira, 19, o presidente da entidade, Pascal Lamy.

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Lamy disse que o principal ponto de discórdia nas negociações é entre mercados emergentes e desenvolvidos. "Se os países membros querem que os mercados emergentes tenham mais responsabilidade, eles devem colocar algo na mesa", disse. "É o 'em troca de' que ainda precisa ser decidido", explicou. "(Os países) membros entenderam nos meses recentes que o impasse está afetando o sistema", disse Lamy, em um fórum público da OMC. "Nós precisamos sair dessa situação, parar de passar a bola, deixar de culpar os outros." Ele afirmou que a questão será discutida na reunião da OMC em dezembro e não descartou que se chegue a um acordo ou uma "Doha light". "Nós precisamos decidir (na reunião) como lidar com essa situação ao longo dos próximos dois anos", disse Lamy. "A OMC é pragmática. Digamos que um acordo de 80% não é tão ruim." O presidente da OMC afirmou que a organização vê a possibilidade de retorno da recessão global, junto com a ameaça de países se fecharem ao comércio. "Há um risco de recessão novamente", afirmou Lamy. "Pressões protecionistas vão retornar." Lamy disse que não é papel da OMC discutir questões sobre o mercado internacional de divisas, cuja atribuição é do Fundo Monetário Internacional (FMI). Entretanto, ele afirmou que a situação na Europa é um assunto da OMC. "É uma preocupação de todos", disse ao ser perguntado sobre a crise da dívida na zona do euro. "Os países se endividaram demais." 

Rússia

Lamy disse ainda que a Rússia deve tornar-se membro da instituição ainda neste ano, acrescentando que o único debate ainda em andamento sobre esse assunto são os subsídios concedidos pelos russos à indústria doméstica de automóveis. Lamy disse também que a regulação deve ser o principal obstáculo para o comércio mundial no futuro. "A obstrução real ao comércio mundial não serão os subsídios, as restrições de volume ou as tarifas. Será a regulação - é nisso que precisamos basear uma nova combinação de acordos bilaterais e multilaterais", acrescentou. As informações são da Dow Jones.

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