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Pedido de vista da Anatel sobre 5G foi 'totalmente inesperado', diz ministro das Comunicações

Fábio Faria disse que se colocou à disposição da Anatel para responder a questionamentos da agência sobre o leilão e afirmou que atraso na adoção do 5G traz prejuízos de R$ 100 milhões por dia

Foto do author Eduardo Gayer
Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Eduardo Gayer e Francisco Carlos de Assis (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA E SÃO PAULO - O ministro das Comunicações, Fábio Faria, disse que o pedido de vista na análise da proposta final do edital do 5G, do conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) Moisés Queiroz Moreira, foi "totalmente inesperado". O ministro fez a declaração durante uma breve coletiva marcada, em cima da hora, para comentar o que aconteceu na sessão da Anatel nesta segunda-feira, 13.

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Perguntado sobre que motivos teria levado Queiroz a pedir vista, o ministro disse que não teria como responder e que só o conselheiro poderia dar essa resposta. “Até porque, me coloquei à disposição, e o Ministério, ao conselheiro antes, para que enviasse qualquer tipo de questionamento, para que o Brasil pudesse ganhar tempo para ter logo as conexões que precisamos, o 5G, a internet que nós iremos levar com as obrigações, o leilão não arrecadatório onde quase R$ 40 bilhões serão investidos em telecomunicações”, disse Faria acrescentando que tudo isso foi antecipado.

O ministro disse ainda que não terá em sua conta nenhum dia de atraso na implementação do 5G. “Isso não terei”, reforçou Faria.

O ministro das Comunicaçõe, Fábio Faria, disse quenão terá em sua conta nenhum dia de atraso na implementação do 5G. “Isso não terei”, afirmou, após pedido de vista de conselheiro da Anatel Foto: Evaristo Sá/AFP

A justificativa do conselheiro foi de que “não tivemos tempo hábil para endereçar melhor as providências a serem tomadas”. Ele se referia às recomendações feitas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e das respostas que serão dadas pela agência reguladora.

O conselheiro Moisés Queiroz Moreira pediu vistas em reunião da Anatel nesta segunda-feira, 13, após citar divergências da proposta apresentada pelo conselheiro relator, Emmanoel Campelo. Assim, o conselho diretor da Anatel adiou, pela segunda vez, a definição do edital para o leilão das faixas do 5G por falta de consenso entre os diretores para a aprovação do texto final do certame.  A retomada das discussões ocorrerá em 30 de setembro. Na última sexta-feira, 10, a primeira reunião do conselho foi sido cancelada antes mesmo de começar por desencontros do colegiado. Segundo o presidente da Anatel, Leonardo de Morais, a expectativa agora é que o leilão deve acontecer só daqui dois meses na melhor das hipóteses.

A principal polêmica na proposta do relator foi não acatar a recomendação do TCU de prorrogar de julho de 2022 para dezembro de 2022 a meta de ativação do 5G nas capitais. A fixação da data precisa levar em consideração o prazo estimado para limpeza da faixa de 3,5 Ghz, por onde também transitam o sinal de TV aberta por antenas parabólicas - e que mexe com interesses do setor da radiodifusão.

Ministro diz que Brasil tem prejuízo de 'R$ 100 milhões' por dia

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Citando estudos que dão conta de que o Brasil tem prejuízo de R$ 100 milhões a cada dia que deixa de implementar o 5G, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, disse que se coloca à disposição do conselheiro da Anatel, Moisés Queiroz Moreira, para dirimir suas dúvidas. 

Para o ministro, o atraso na implementação do 5G envolve, além desse prejuízo, os investimentos que deixam de ser feitos.

“Sem falar em todos os investimentos indiretos que o 5G traz. Sem falar também que o País que sai na frente em tecnologia tem um ganho maior em relação a outros competidores”, disse o ministro. As afirmações foram feitas em coletiva que se seguiu ao término da sessão da Anatel que fazia a análise final do 5G e que teve, por parte do conselheiro, pedido de vistas para que o Ministério envie mais informações sobre o tema.

Faria reiterou que há muito mais coisas envolvidas com o atraso do que simplesmente o prejuízo em dinheiro.

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“Nós estamos lutando, por exemplo, para ultrapassar o Chile, que saiu na nossa frente. Hoje já temos condições de ser o primeiro país da América Latina a colocar o 5G. Então eu não queria imaginar que ia ter algo que não fosse em prol do País”, lamentou o ministro.

Ele disse que assumiu o ministério com a missão de entregar o 5G no Brasil e levar conexão para quem não tem. “Por isso é que cada dia que a gente perde isso me incomoda demais. Então eu quero me colocar à disposição do conselheiro Moisés [Queiroz Moreira] para que a gente possa rapidamente vencer todas as dúvida que ele venha a ter”, disse.

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