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Pedro Simon cobra de Lula explicações sobre leilão de Belo Monte

Em discurso no plenário, senador considera confusa a participação dos fundos de pensão de estatais na licitação

Por Neri Vitor Eich e da Agência Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva "deve explicações ao povo brasileiro" sobre o processo de licitação da usina hidrelétrica de Belo Monte, que "se transformou num assunto confuso, mais do que controverso", cobrou nesta sexta-feira, 23, o senador Pedro Simon, em discurso no plenário. Simon fez "um alerta" ao País por considerar que não está explicada a participação dos fundos de pensão de empresas estatais na licitação.

 

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"O que nos deixa pasmos é a presença dos fundos de pensão e (o fato de) uma empresa ter sido criada dias antes (do leilão) para receber esse apoio (dos fundos). Outro ponto controverso é empresas que se prepararam para o leilão de repente caírem fora. Isso ninguém explicou. O presidente Lula deve explicações ao povo brasileiro", declarou o senador. "Por isso, venho alertar os órgãos de fiscalização, a imprensa e o Congresso Nacional", acrescentou.

 

O senador, cobrando transparência do governo, deixou no ar muitas perguntas:

 

"Afinal, qual a razão real para empreiteiras de grande porte, com capacidade reconhecida, terem decidido se afastar do negócio? Um jornal diz hoje que elas fizeram uma 'avaliação política equivocada'. Isso soa muito estranho! Qual avaliação política seria a 'mais correta'? Quais critérios seriam ou ainda serão utilizados para acertar essa avaliação? O governo anuncia que vai buscar novamente a participação dessas empresas. Mas qual a razão de o governo interferir na disputa entre as empresas envolvidas? Afinal, o consórcio que teve um vencedor não era para valer? Os preços das tarifas da energia ainda não foram bem calculados? Afinal, o que está acontecendo?"

 

Simon insistiu em cobrar explicações sobre a participação dos fundos de pensão: "Quem controla esses recursos, afinal? São bilhões que vão para cá ou para lá, no meio de um leilão. Na última hora, aparece uma empresa nova que acaba vencendo. Ainda não se sabe exatamente como serão utilizados esses recursos (dos fundos) em Belo Monte. Hoje, fundo de pensão virou cargo político, de indicação partidária." Para justificar seus temores, o senador do PMDB lembrou a privatização da Telebrás, em 1998, "quando o uso do fundo de pensão do Banco do Brasil em associação com um dos consórcios concorrentes virou um escândalo".

 

Embora defendendo a construção de hidrelétricas no Brasil, porque as deficiências na infraestrutura do País "são notórias", Simon insistiu: "Precisamos de energia, mas a controvérsia em torno de Belo Monte espanta. E não é de agora. Nem os militares, com o Congresso fechado, ousaram levar adiante a obra."

 

Depois de citar "dados da Eletrobrás" segundo os quais a energia de Belo Monte só será garantida quatro meses por ano, funcionando com apenas 30% a 40% de sua capacidade nos outros períodos, Simon observou que a estimativa de custo da obra de R$ 19 bilhões pode subir para R$ 30 bilhões. E cobrou novamente de Lula: "Nesse cenário", disse, "não entendo a declaração do presidente Lula de que vai construir a obra 'de qualquer jeito'. Não está sendo feliz o presidente da República na sua maneira de se expressar."

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