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Petrobras capta R$ 32,1 bilhões em 2014

Por André Magnabosco
Atualização:

A Petrobras precisou de apenas 69 dias de 2014 para captar um total de US$ 13,6 bilhões, ou R$ 32,1 bilhões, e, com isso, aproximar ainda mais seu nível de endividamento da marca de R$ 300 bilhões. Em dezembro, a dívida total da Petrobras somava R$ 267,8 bilhões.A projeção não considera a possibilidade de a Petrobras utilizar parte dos recursos captados em duas operações, realizadas nos dias 7 de janeiro e na segunda-feira, 10, para pagar dívidas a vencer no período. Da mesma forma, não inclui eventuais novas dívidas contraídas entre janeiro e março. Procurada, a Petrobras não comentou a captação antecipada pelo Broadcast, serviço de informações da Agência Estado. De igual maneira, a estatal adota a postura de não comentar sua política de amortização de dívidas.A marca de R$ 300 bilhões, embora meramente simbólica, ajuda a dimensionar o momento delicado pelo qual passa a estatal. Em dezembro passado, a alavancagem líquida, calculada a partir de uma relação entre a dívida líquida e o patrimônio líquido da companhia, estava em 39%, já acima do limite de 35% considerado aceitável pela diretoria da Petrobras. A relação entre dívida líquida e Ebitda, por sua vez, estava em 3,52 vezes, superando assim o patamar desejado de 2,5 vezes.O endividamento elevado alimenta rumores de que a classificação da Petrobras pelas agências de rating pode ser revista caso os indicadores financeiros da estatal não se recuperem no curto ou médio prazos. A operação confirmada ontem, de US$ 8,5 bilhões, acontece às vésperas do encontro de uma comitiva da Standard & Poor''s (S&P) com empresários e o governo brasileiro."Se pensarmos em um movimento de cautela, a Petrobras aproveitou um mercado líquido no exterior e fechou uma operação em um valor alto, provavelmente devido à demanda pujante e às taxas atraentes", destaca a analista da Concórdia Corretora, Karina Freitas. A especialista lembra que a nota da Petrobras, assim como de outras empresas controladas pelo governo de um país, tende a acompanhar as notas do próprio país. "Nesse caso, uma redução da nota (do Brasil) imputa um prêmio maior de bônus (à Petrobras)", relaciona Karina.Além disso, outras notícias recentes também evidenciam o desafio enfrentado pela estatal em 2014. As importações de petróleo apresentaram forte elevação no início do ano e o dólar valorizado prejudica a Petrobras, que se encontra na condição de importadora líquida de combustíveis. Os dados de produção de petróleo no Brasil também foram desfavoráveis, o que reforça o cenário traçado pela própria presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster.No final de fevereiro, a executiva havia sinalizado que os indicadores financeiros da estatal devem começar a melhorar principalmente a partir de 2015. Segundo ela, o ano de 2014 já está "posto". Ainda assim, a forte demanda pelos títulos da Petrobras nesta segunda-feira, superando o patamar de US$ 20 bilhões, demonstra a receptividade do mercado externo à petrolífera brasileira.CaptaçãoAinda que já esperada por analistas ouvidos pelo Broadcast, a operação chama atenção pelo fato de ser a segunda emissão externa em pouco mais de dois meses. Foram captados, no período, aproximadamente US$ 13,6 bilhões, superando assim a necessidade atual de US$ 12,1 bilhões citada no Plano de Negócios e Gestão (PNG) 2014-2018 da Petrobras.No total, a Petrobras deve captar US$ 60,5 bilhões até 2018. Durante esse mesmo período, as amortizações somarão US$ 54,9 bilhões. Não há, porém, qualquer relação direta entre captações e amortização de dívidas. Logo, o recurso captado hoje pode ser utilizado para pagar antecipadamente dívidas já contraídas ou simplesmente para viabilizar investimentos previstos para o ano."Se for utilizado para cumprir com as obrigações de curto prazo em relação a vencimentos ou antecipações de dívidas mais caras, falamos de um efeito zero (sobre a alavancagem). Mas se os recursos forem utilizados para reforçar caixa ou viabilizar investimentos, teremos um maior endividamento", destacou Karina, da Concórdia. A possibilidade de a dívida ter atingido R$ 300 bilhões será confirmada ou não no balanço referente ao primeiro trimestre de 2014, a ser divulgado entre abril e maio.Em janeiro, a Petrobras realizou captações no exterior em euro, no total de 3,05 bilhões, e em libra esterlinas, no total de 600 milhões. Na oportunidade, a captação totalizou R$ 12,1 bilhões ou US$ 5,1 bilhões, conforme a cotação da época. Somados aos US$ 8,5 bilhões de ontem (R$ 20 bilhões), já são R$ 32,1 bilhões em recursos novos para a Petrobras, o equivalente a pouco mais de um terço do investimento de R$ 94,6 bilhões previsto pela estatal para 2014. O montante também equivale a mais de uma vez e meia a dívida total de curto prazo da Petrobras, estimada em R$ 18,8 bilhões ao final de dezembro.

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