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Conselho da Petrobras convoca reunião para tentar segurar preços dos combustíveis por mais tempo

Presidente Bolsonaro pressiona empresa para segurar preços, mas valores atuais estão defasados em relação a preços internacionais

Por Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

RIO - O presidente do conselho de administração da Petrobras, Márcio Weber, convocou uma reunião extraordinária para a tarde desta quinta-feira, 16, surpreendendo a alta cúpula da empresa. 

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Segundo fontes próximas ao assunto, o objetivo é tentar fazer com que a Petrobras segure os preços dos combustíveis por mais tempo, em um momento em que a inflação ameaça os planos de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. A previsão era de que os aumentos acontecessem nesta semana.

O governo vem tentando convencer o presidente demissionário da Petrobras, José Mauro Coelho, a segurar os preços para que as novas regras sobre ICMS surtam algum efeito nas bombas dos postos de abastecimento. Se a empresa aumentar os preços, os possíveis benefícios do Projeto de Lei Complementar  18 (PLP 18), aprovado ontem no Congresso Nacional, seriam praticamente neutralizados.

Com a defasagem cada vez maior dos preços nas refinarias da empresa, é grande a pressão para que a companhia alinhe a gasolina e o diesel ao mercado internacional Foto: Sergio Moraes/ Reuters

Reuniões com essa finalidade foram realizadas esta semana entre o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida; e da Casa Civil, Ciro Nogueira, com o presidente da Petrobras. Além do congelamento de preços, foi pedido a Coelho que renuncie ao cargo, facilitando assim a entrada de Caio Paes de Andrade, atual secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, já indicado por Sachsida.

O presidente Jair Bolsonaro reclamou publicamente na quarta, 15, sobre a dificuldade de se trocar o presidente da Petrobras. "Estamos há um mêstentando trocar o presidente da Petrobras e não conseguimos. Sachsida está tentando", declarou.

A decisão do reajuste dos combustíveis na Petrobras é tomada por Coelho; pelo diretor de Comercialização, Claudio Mastella; e pelo diretor Financeiro e de Relações com os Investidores, Rodrigo Araújo.

Com defasagem cada vez maior nos preços praticados nas refinarias da estatal, é grande a pressão do mercado para que a Petrobras alinhe a gasolina e o diesel aos preços internacionais. Ontem, a defasagem do diesel era de 18% em relação ao Golfo do México, após 36 dias sem reajuste, e a gasolina estava com uma diferença de 14% no seu 96º dia sem alteração, segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores e Combustíveis (Abicom).

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Desde 2016, a empresa pratica a política de preços de paridade de importação (PPI), que significa manter os preços alinhados ao mercado internacional. O PPI leva em conta o preço do petróleo e o câmbio, que dispararam esta semana, e os custos de importação, também elevados na esteira da alta de preços.

Se a empresa não seguir essa política, outros importadores deixam de trazer combustível para o Brasil, porque não conseguem concorrer com os preços mais baixos da Petrobras no mercado interno. Sem as importações complementares - o Brasil produz entre 70% e 80% do diesel que consome e 97% da gasolina -, o abastecimento pode correr risco no segundo semestre do ano, quando é previsto aumento da demanda e aperto da oferta por conta da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

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