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Petrobras diz que taxas e o varejo elevam a gasolina

Por Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

A Petrobras considera que ainda há muita volatilidade no mercado de petróleo e não avalia reduzir o preço dos seus derivados no curto prazo no país, observando que se os valores no Brasil estão mais elevados em comparação a outras nações isso se deve a impostos e aos intermediários do setor. De acordo com o diretor de Abastecimento da companhia, Paulo Roberto Costa, são inverídicas as acusações de que a empresa estaria praticando preços abusivos em relação a outros países. A estatal, que reajustou seus preços em maio do ano passado, em meio à disparada das cotações do petróleo, vem sendo questionada sobre o fato de manter os valores, depois que os futuros em Nova York e Londres caíram a mais da metade em relação aos recordes de meados de 2008. "O preço da gasolina na porta da refinaria custa 1 real o litro, o resto são impostos e margens dos comerciantes", disse Costa, em entrevista à Reuters. Entretanto, na semana passada o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou que os preços dos combustíveis no Brasil poderão sofrer uma queda se o cenário atual permanecer o mesmo por um período de mais 3 ou 4 meses. Costa explicou que mesmo que a Petrobras reduza o valor da gasolina e do diesel, derivados não reajustados por fórmula como os demais da empresa, a queda incidiria apenas no preço da porta da refinaria e não no que é cobrado na bomba no posto. O reajuste de preços dos derivados no ano passado foi um dos fatores que influenciou positivamente o lucro da empresa em 2008. O preço dos derivados também motivou comentários nesta semana do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse que uma eventual queda depende de "conversas" com a Petrobras para evitar que a companhia tenha perdas e prejudique sua contribuição para o superávit primário do Brasil. A Petrobras afirma ter uma política de longo prazo para estabelecer o preço de combustíveis, visando evitar o repasse da volatilidade internacional para o mercado interno. O diretor lembrou que na quinta-feira o petróleo disparou 7 por cento na bolsa de Nova York e que, segundo ele, a gasolina nos Estados Unidos entre janeiro e fevereiro já subiu 8 por cento --o preço dos combustíveis nos EUA acompanha mais de perto os movimentos dos futuros. "O que não posso baixar são os impostos, que eu não tenho o domínio, o que eu reduziria é na porta da refinaria", acrescentou Costa. Alisio Vaz, vice-presidente-executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), concorda que os impostos tenham grande influência no preço final. "O que é indiscutível é que no preço final mais de 40 por cento é de impostos em São Paulo, então é a parcela talvez que pese mais", disse ele à Reuters. Segundo ele, os intermediários -- postos e distribuidoras -- são responsáveis por aproximadamente 16 por cento do preço, participação que ele considera "normal, em linha com outros países". "Há muito pouco espaço para reduzir isso (margem). A competição no mercado de distribuição e revenda é muito intensa, são 160 distribuidoras e 35 mil postos. Existe uma competição que supostamente assegura que essa margem de comercialização está nos patamares desejáveis", completou. MARUBENI Costa comentou também que a Petrobras não tem contrato de exclusividade com a trading japonesa Marubeni, interessada em participar da construção de uma refinaria de 20 bilhões de dólares em parceria com a estatal, no Maranhão. Segundo o diretor, a Petrobras, que assinou um memorando de intenções para avaliar o projeto com a Marubeni, tem prazo de três meses para considerar se vai ser ou não parceira da trading na refinaria do Maranhão, prevista para ter capacidade de processar 600 mil barris de petróleo por dia. "Não tem exclusividade, mas hoje estamos conversando só com eles." Ainda falando sobre projetos de refinarias, Costa disse que a Petrobras e a PDVSA têm até o dia 25 de maio para resolver se a estatal brasileira fará uma parceria com a venezuelana na refinaria Abreu Lima, em Pernambuco. A Petrobras, que já afirmou que construirá a refinaria mesmo se não houver acordo com a PDVSA, discute o preço do petróleo que será pago à empresa venezuelana e a possível entrada da estatal do país governado por Hugo Chávez no mercado de distribuição do Nordeste. (Com reportagem adicional de Camila Moreira)

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