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Petrobrás executou plano de comunicação com ligações para autoridades sobre acordo nos EUA

Presidente da empresa, Pedro Parente, e outros executivos telefonaram para ministros do governo, do TCU e para parlamentares para explicar a operação de R$ 10 bilhões

Por Fernanda Nunes
Atualização:

RIO – O acordo firmado pela Petrobrás para encerrar a ação conjunta que estava sendo movida contra a empresa nos Estados Unidos mereceu um plano de comunicação interno que envolveu executivos da companhia, entre eles o presidente da empresa, Pedro Parente. 

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O fato relevante que anunciou ao mercado a operação foi distribuído no dia 3 de janeiro, pouco depois das 7h. Logo no início do expediente, por volta das 9h, Parente, o diretor Financeiro, Ivan Monteiro, e o presidente do conselho de administração, Nelson Carvalho, começaram a telefonar para suas listas de autoridades e a explicar a operação que envolveu cerca R$ 10 bilhões.

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Diretores buscaram tirar dúvidas e demonstrar transparência e credibilidade em ligações a ministros e parlamentares. Foto: Fabio Motta/Estadão - 11/4/2014

Dias antes, em reunião, cada um já tinha apontado os nomes que consideravam relevantes e que deveriam ser acessados para ouvir explicações sobre o acordo. 

A ideia não era convencer, pois a proposta de acordo para dar fim às ações judiciais ao custo de US$ 2,95 bilhões já tinha sido feita aos advogados dos investidores americanos. Com as ligações, os diretores pretendiam, principalmente, tirar possíveis dúvidas, além de demonstrar transparência e credibilidade.

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Nas listas constavam ministros, como Dyogo Oliveira, do Planejamento, e Fernando Coelho Filho, de Minas e Energia, além de parlamentares e membros de tribunais, como do Tribunal de Contas da União (TCU). 

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Parente ligou para cada um dos ministros do TCU e detalhou para eles os motivos que levaram a diretoria a optar por gastar esse dinheiro para ressarcir detentores de American Depositary Receipts (ADRs, que são certificados de ações da Petrobrás emitidos por instituições financeiras dos EUA) da empresa por perdas com os desvios de recursos em esquemas de corrupção investigados na Operação Lava Jato, ainda que a empresa reforce sua posição de vítima e que não tenha sinalizado a intenção de fazer o mesmo no Brasil, com os investidores da B3, a Bolsa brasileira.

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Segundo o TCU, até esta segunda-feira, 8, nenhum processo interno foi aberto para analisar o acordo firmado pela Petrobrás. A estatal é de responsabilidade do ministro Aroldo Cedraz, relator de qualquer processo que envolva a empresa. 

Antes dele, o relator era o ministro Benjamin Zymler. De férias, Zymler afirmou que tem acompanhado o caso de longe, pela imprensa, mas que, em conversas informais com seus colegas, não percebeu grande preocupação com o acordo firmado.

O ministro afirmou também que nada impede que o TCU analise o acordo, ainda que tenha sido firmado nos Estados Unidos. "O tribunal está sempre de olho na gestão das estatais. Mas estou falando isso em tese", disse o ministro.

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