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Preços sobem menos nas lojas virtuais do que nas físicas, aponta estudo

Levantamento exclusivo mostra que, em 16 grupos de produtos, apenas em 3 a alta foi superior na compra online

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Por Márcia De Chiara
Atualização:

Pressionada pela forte concorrência dos e-commerces, a inflação do varejo online acumulada nos últimos quatro meses está muito aquém da registrada nos preços dos mesmos produtos vendidos em lojas físicas em igual período. Um levantamento entre outubro passado e janeiro deste ano mostra que, de 16 grupos de produtos pesquisados, em 13 os preços dos itens aumentaram mais na loja física tradicional do que no e-commerce. Apenas três produtos tiveram altas acumuladas maiores no online do que na loja física.

O levantamento foi realizado, a pedido do Estadão, pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar) e pela plataforma V+. A pesquisa coletou informações sobre os preços com uso de algoritmos e comparou as variações de preços registradas no online, sem frete, com os mesmos grupos de produtos pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para apurar a inflação oficial, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

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A pesquisa incluiu bens duráveis, como móveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, itens de informática, que são produtos facilmente comparáveis, e alguns artigos de vestuário, como sapatos e bolsas.

“Os resultados mostram a maior competitividade que existe no comércio online comparado com as lojas físicas”, afirma o presidente do Ibevar e responsável pelo estudo, Claudio Felisoni De Angelo. Ele lembra que a dificuldade é muito maior para comparar preços no varejo físico e depende da movimentação de pessoas, algo que pode ser resolvido no online com apenas um clique no computador.

Grandes variações 

A maior diferença entre o comportamento de preços do online e das lojas físicas ocorreu nos móveis de cozinha. Enquanto os preços desses produtos caíram 3,81% nas lojas online entre outubro e janeiro, nas lojas físicas os móveis ficaram 10,98% mais caros. O movimento de deflação online e inflação nas lojas físicas se repetiu, mas em menor proporção, com geladeiras, aparelhos de telefonia, bolsas, móveis de sala e notebooks.

Produtos aumentam mais de preço no varejo presencial do que no online Foto: Pixabay

Entre os itens que registraram inflação nos preços tanto nas lojas online quanto nas lojas físicas, ainda assim os aumentos foram significativamente maiores no varejo tradicional. O preço do fogão, por exemplo, subiu 7,8% na loja física, enquanto no online a alta acumulada entre outubro de 2021 e janeiro deste ano foi de 4,3%. No caso do sapato, o aumento na loja física foi de 5,6% nos preços e no online de apenas 0,54%.

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Os únicos três produtos que contrariam a tendência da maioria dos itens pesquisados, com a inflação do online superando a da loja física foram: aparelho de som, console de videogame e computador pessoal. No console de videogame a diferença é significativa: aumento de 13,24% dos preços no online contra alta de 4,6% nas lojas físicas.

Impacto na inflação geral 

Felisoni pondera que o estoque desse produto pode estar defasado na loja física. O economista acredita que, por causa da maior concorrência, a tendência é de que a inflação do comércio online seja menor do que a da loja física.

“Eu ficaria surpreso se a inflação da loja física superasse a do comércio online”, afirma o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes.

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Ele ressalta que, mesmo considerando que as vendas online cresceram muito por causa do isolamento social imposto pela pandemia de covid-19 enquanto o varejo tradicional ficou praticamente estável no mesmo período, a forte concorrência entre e-commerces ancorou os reajustes de preços. Além disso, as margens no online são mais apertadas, o que torna difícil o repasse de aumento de custos.

Apesar da inflação mais moderada nos e-commerces, Bentes lembra que a fatia do online nas vendas do varejo como um todo ainda é muito pequena, representando um pouco mais de 10%. E isso ainda é insuficiente para fazer cócegas na inflação geral. 

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