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Prefeito de NY critica lei dos EUA sobre etanol de milho

Por LOUIS CHARBONNEAU E TIMOTHY GARDNER
Atualização:

Uma nova lei energética nos Estados Unidos provocará um aumento nos preços mundiais dos alimentos e pode levar a mortes por fome no mundo todo porque continua promovendo o etanol de milho, disse na segunda-feira o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg. "As pessoas literalmente vão morrer de fome em partes do mundo, isso sempre acontece quando os preços dos alimentos sobem", disse Bloomberg a jornalistas após falar num debate da Assembléia Geral da ONU sobre a mudança climática. A nova lei dos EUA, que entrou em vigor no final de 2007, quintuplica a quantidade de biocombustíveis a ser misturada à gasolina, o que cria uma maior demanda pelo milho (principal matéria-prima do etanol nos EUA), elevando sua cotação. Até 2022, cerca de 57 bilhões de litros de etanol de milho devem ser acrescidos à gasolina (de um total de 136 bilhões de litros de biocombustíveis). O restante deve vir de fontes com baixa emissão de carbono, como sobras de colheitas e grama. A nova lei favorece o etanol de milho porque continua a subsidiá-lo e a taxar o etanol de cana, segundo Bloomberg. Isso ocorre porque os EUA produzem etanol de milho, enquanto o de cana é importado do Brasil. A exemplo de outros críticos, Bloomberg disse que o etanol de milho, ao contrário do que cana, gera menos energia do que gasta em sua produção, transporte e uso. O bilionário britânico Richard Branson, diretor do grupo Virgin, concordou que o etanol de cana é preferível ao de milho. Na opinião dele, faria mais sentido que os EUA cultivassem alimentos e deixassem que países como o Brasil usassem suas terras para plantar a cana que viraria biocombustível. "Acho que, se [os Estados Unidos da] América se livrassem do imposto de importação sobre o etanol de açúcar, é isso que aconteceria, e acho que o mundo se beneficiaria", disse Branson a jornalistas. A Única (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) diz que o álcool dessa fonte gera sete litros de etanol por hectare, enquanto o milho gera apenas três litros por hectare. A entidade afirma ainda que os custos de produção do etanol de cana são menores. A Comissão Européia anunciou em janeiro que a União Européia vai estabelecer regras ambientais mais rígidas para os biocombustíveis, depois de admitir que a busca por eles trouxe problemas imprevistos, como ameaças às florestas tropicais da Ásia e um aumento nos preços dos alimentos.

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