24 de março de 2022 | 17h36
O fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, a Previ, quer colocar um limite na hegemonia da Marfrig, do empresário Marcos Molina, na BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão. Detentora de 6,13% na companhia, a Previ indicará um nome para o colegiado da fabricante de alimentos para ter um representante em uma chapa formada por nomes escolhidos apenas pela Marfrig – a maior acionista da BRF, com 33%. A assembleia ocorrerá, virtualmente, na próxima segunda-feira, 28, em um encontro que promete ser recheado de polêmicas.
Para conseguir eleger seu representante, a Previ solicitou nesta quinta-feira, 24, que no pleito da próxima segunda-feira seja adotada a ferramenta do voto múltiplo – aquela em que os acionistas podem direcionar, de forma individual, seus votos entre os candidatos. Essa é uma forma de os acionistas minoritários terem a chance de eleger seus representantes nos conselhos das empresas.
A Previ, em nota, explicou que sua decisão de requerer o voto múltiplo se deve à visão de que um “conselho de administração deve refletir, em sua melhor forma, a base acionária da companhia”. “Ao pedir o voto múltiplo, nosso objetivo é construir um colegiado robusto, diverso e com legitimidade para elaborar as estratégias necessárias para a geração de valor a todos os acionistas”, diz. Antes da Previ, a Petros (fundo de pensão dos funcionários da Petrobras), que também é acionista da BRF com um 5,26%, já tinha se colocado contra o avanço da Marfrig na BRF.
Em dezembro do ano passado, quando a BRF anunciou uma oferta de ações bilionária, a porta para a Marfrig aumentar sua posição ficou aberta – inclusive para ter o controle da empresa. No entanto, a Petros se colocou radicalmente contra a estratégia, o que fez com que a Marfrig retrocedesse. Com isso, ela apenas “acompanhou” o aumento de capital, comprando apenas o suficiente para manter a posição que já detinha no negócio.
Para o conselho elaborado pela Marfrig, Molina, que é candidato à presidência, recrutou o executivo Sergio Rial, que hoje comanda o conselho de administração do banco espanhol Santander. Apesar disso, os fundos de pensão não chegaram a ser consultados, e a lista não considerou a presença de representantes dos fundos, que tiveram presença no conselho da BRF, desde a fusão de Sadia e Perdigão em 2008. A participação da Previ na empresa, contudo, ocorre desde 1990.
Antes do avanço da Marfrig sobre a BRF via compras na Bolsa, as empresas chegaram a anunciar um acordo para juntar suas operações, em 2019. Na época, BRF e Marfrig concordaram em um prazo de 90 dias para uma combinação que criaria uma gigante global com mais de cem fábricas. No entanto, cerca de 40 dias após o anúncio, as empresas anunciaram conjuntamente a desistência do negócio. Molina, contudo, nunca escondeu o interesse de avançar no capital da BRF, que há anos não possui um controlador.
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