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Quebra do monopólio do resseguro atrai gigantes do setor ao país

Por ALUÍSIO ALVES E RODRIGO VIGA GAIER
Atualização:

O monopólio estatal no mercado de resseguros do Brasil será finalmente extinto a partir de quinta-feira, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep), e grandes companhias do setor já se preparam para atuar no país. Inicialmente, o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), que até agora dominava sozinho o segmento desde sua criação em 1939, terá a competição do Lloyds como seguradora admitida e da Munich Re como resseguradora eventual --que se diferem, entre outras coisas, por ter ou não escritório de representação no país. Outras quatro seguradoras obtiveram autorização prévia e já protocolaram a documentação exigida para operar no mercado brasileiro: Scor Re, Swiss Re, Swiss Re America e Transatlantic Re. Além disso, a Susep analisa os pedidos de J.Malucelli, Munich Re, XL Re, para atuar como resseguradoras locais, e da Mapfre Re, que pretende ser uma resseguradora eventual. Adicionalmente, a Mapfre Re (como operadora local), Partner Re, Hannover Re e Federal Insurance Company (como resseguradoras admitidas) manifestaram interesse em atuar no Brasil. Armando Vergílio, superintendente-geral da Susep, disse que o número de resseguradoras interessadas em operar no Brasil superou as expectativas, mas poderia ser ainda maior não fosse a crise global. "Temos um cenário que comprova o alto grau de interesse no Brasil. Não é qualquer empresa que está vindo para cá, são grandes companhias. O Brasil é o único grande balcão do mundo disponível. Somente Cuba e Costa Rica têm o mercado fechado." Ele considerou que o atraso na entrega da documentação também impediu o registro imediato de um maior número de companhias. EXPECTATIVAS A expectativa da Susep é de que o mercado de resseguro no Brasil cresça 20 por cento neste ano e dobre de tamanho até 2012. No ano passado, o setor movimentou 3,7 bilhões de reais. De acordo com Vergílio, até dezembro seis resseguradoras locais estarão operando no Brasil. Ele acredita que entre operadoras locais, eventuais e admitidas, de 60 a 70 resseguradoras vão operar no país nos próximos anos. Nesse sentido, as gigantes do setor já começam a fazer planos. A Swiss Re, líder mundial do segmento, pretende repetir o feito no Brasil. "Não vamos fazer loucura, mas nossa meta é ter 20 por cento do mercado de (seguros de) vida e 10 por cento dos demais ramos no prazo de três a cinco anos", disse nesta quarta-feira o diretor-presidente da Swiss Re no Brasil, Henrique Oliveira. Segundo ele, o Brasil é um dos mercados mais cobiçados pelas resseguradoras entre os emergentes, uma vez que o segmento ainda tem um baixo nível de penetração --cerca de 5 por cento do mercado segurador tem resseguros, ante média de 15 por cento em outros países. Além disso, Oliveira aponta uma série de outros fatores que podem contribuir para a expansão desse mercado. "A expectativa de continuidade do ciclo de crescimento da economia, com gradual aumento da formalização, vai levar à expansão da procura por produtos mais sofisticados, que demandam mais resseguros", afirmou. Além disso, Oliveira considerou que o aumento dos investimentos governamentais em obras de infra-estrutura, puxadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e a expectativa de novos empreendimentos privados de grande porte, como da Petrobras, também devem devem acelerar a demanda por seguros e resseguros.

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