A taxa de câmbio brasileira não está em nível sustentável para o longo prazo, avalia o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. "Se o real subir mais, não tenho razão para estar satisfeito", afirmou a jornalistas em Londres.
Para ele, alguns fatores precisam se concretizar para que o câmbio siga um caminho considerado mais sustentável. Um deles é o fim da política de estímulo quantitativo do Federal Reserve, que deve terminar em junho.
Coutinho se mostrou preocupado com o excesso de liquidez internacional, que estimula as empresas a captarem fortemente no exterior.
O presidente do BNDES avalia que a política frouxa do Fed contribui para a apreciação do real e das commodities, por isso o fim do programa trará ajustes nesses mercados. Ele admitiu que a demanda expressiva dos países em desenvolvimento também gera pressão sobre os preços das matérias-primas, daí a necessidade de moderação do crescimento.
Mas, avalia que seria uma "estupidez" se os emergentes interrompessem seu processo de avanço econômico, porque isso geraria consequências negativas para toda a atividade global.
Segundo ele, a recuperação das nações desenvolvidas é outro ponto necessário para o ajuste do câmbio no Brasil. Coutinho defendeu a necessidade de "mitigar os movimentos excessivos" que tiram o real do caminho de sustentabilidade de longo prazo. "Esse não é o meu trabalho, mas precisamos mostrar quando o câmbio está prejudicando muito (a indústria)."