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Como a tecnologia garante renda extra a profissionais de reciclagem

Coletando, de São Paulo, tem conta digital voltada a esses trabalhadores; já a Cataki une catadores a possíveis clientes

Por Shagaly Ferreira
Atualização:

O mercado de reciclagem de materiais está, aos poucos, ganhando o apoio de aplicativos e outras ferramentas de tecnologia. Por trás dessas plataformas estão iniciativas para gerar demanda – unindo catadores a pessoas físicas e empresas –, ampliar a renda desses trabalhadores e garantir a eles a opção de receber seu pagamento de forma digital. 

Uma das startups a apostar no segmento é a Coletando, sediada em São Paulo e com unidades em mais três Estados. Com pontos de coleta espalhados em regiões periféricas, a empresa possibilita ao usuário a troca de material reciclável por dinheiro, via uma conta digital. O cliente cadastrado recebe um cartão de crédito pré-pago, que também funciona para saques. 

ONG Pimp My Carroça, que tem o serviço Cataki: organização dá demanda para trabalho de catadores Foto: Felipe Rau/ Estadão

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O negócio foi criado por Saulo Ricci, 38 anos, que tem formação na área de tecnologia e é filho de uma catadora. O formato inicial, estabelecido há dez anos, fazia parceria com companhias de energia elétrica para troca de recicláveis por desconto em boletos. 

Com a mudança para módulo bancário, em 2018, e faturamento previsto este ano de R$ 7 milhões, Ricci pretende expandir para mais de 100 o número de ecopontos. “Entendo que a tecnologia pode provocar um impacto muito mais forte na vida das pessoas”, diz o empreendedor.

Já a ONG Pimp My Carroça, de São Paulo, optou por uma ferramenta digital para promover geração de renda para catadores. Em 2017, a entidade criou o aplicativo Cataki, que oferece serviços de coleta em 1,6 mil cidades do Brasil. A plataforma já contabiliza mais de 300 mil downloads e permite ao usuário encontrar o profissional de coleta que trabalha mais próximo de sua casa.

Segundo a coordenadora do projeto, Patrícia Rosa, de 36 anos, toda a negociação sobre valores do serviço é feita entre o cliente e o catador, sem intermediários ou taxas. O pagamento é totalmente revertido para o profissional. 

Conforme levantamento da ONG, os catadores vinculados ao aplicativo Cataki tiveram renda elevada em 64%, em média. Idealizador da tecnologia e diretor da Pimp, o ativista Mundano, de 35 anos, explica que o aplicativo surgiu de modo orgânico, com pessoas e empresas buscando indicações de profissionais de reciclagem. 

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Ele passou a fornecer os contatos, mas logo percebeu que precisava automatizar o processo. O desafio hoje é ampliar as soluções. “O que a gente quer agora é ir em busca de rastreabilidade, de melhores ferramentas e de inclusão digital para os catadores.”

'Delivery'

Outra ferramenta de tecnologia para o segmento de reciclagem foi criada pela startup Solos, da Bahia. Com patrocínio recebido no ano passado do banco digital Nubank, a empresa lançou o Roda, sistema de “delivery” de reciclagem em Salvador. 

Pelo celular, o usuário se cadastra via formulário online ou WhatsApp e agenda uma coleta, que será feita em um prazo de um a dois dias por profissionais em triciclos. 

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O morador não paga pelo serviço, pois toda a remuneração da equipe envolvida no processo de logística é custeada pelo projeto. Só nos primeiros três meses, segundo os idealizadores, 12 toneladas de materiais foram coletadas e destinadas à cooperativa Cooperguary.

Saville Alves, de 30 anos, cofundadora da startup, gerencia outras iniciativas de reciclagem na Solos – voltadas a grandes empresas – e diz que elas precisam de soluções voltadas à sustentabilidade. “O Roda é nossa grande aposta tecnológica, tanto na perspectiva de interface com os usuários quanto na geração de dados (sobre sustentabilidade)”, diz. 

Economia circular exige trabalho de longo prazo, diz especialista

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Gerente executiva do grupo Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), Fernanda Daltro afirma que a inovação é aliada da economia circular. No entanto, ela frisa que o compromisso com o setor é de longo prazo: “É preciso um olhar sistêmico para avaliar o custo-benefício de investir em uma novidade que trará benefícios para toda a cadeia quando for escalável.”

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