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Redecard e Cielo buscam ‘convencer’ clientes a fazer pagamento pelo celular

Somente 7% dos usuários usam o celular para fazer pagamentos no País; para mudar esse quadro, as credenciadoras de cartões fazem aquisições e investem em tecnologia  

Foto do author Fernando Scheller
Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Fernando Scheller e Altamiro Silva Junior (Broadcast)
Atualização:

O fim da exclusividade no setor de cartões, que eliminou a necessidade de manutenção de duas máquinas de pagamento pelos varejistas, transferiu a disputa entre as gigantes do setor para a tecnologia. As credenciadoras correm para ocupar o potencial de expansão dos pagamentos via celular no País: enquanto a Cielo compra empresas do segmento, a Redecard monta um sistema para integrar o telefone às máquinas do comércio.

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Conforme o Estado apurou, a Cielo realizou a segunda aquisição na área de pagamentos por celular em dois meses, com a compra da Oi Paggo, serviço da operadora Oi que atende cerca de 75 mil estabelecimentos em todo o País, sendo especialmente forte na Região Nordeste. No mês passado, a credenciadora de cartões já havia desembolsado R$ 50 milhões para assumir o controle de outra companhia similar, a fluminense M4U. Procuradas pela reportagem, Cielo e Oi não comentaram o negócio.

De acordo com Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, a estratégia faz sentido tanto para a Oi quanto para a Cielo. Ele afirma que, para o pagamento por celular crescer no País, o comando precisa estar nas mãos das credenciadoras, que têm este mercado como negócio principal, e não das empresas de telefonia. "Assim, fica mais fácil de o serviço se tornar mais universal, de o negócio de cartões ser usado por clientes de várias operadoras", diz o especialista. Desde o início do ano, circulam notícias de que a Oi buscava um parceiro para ajudar na operação do serviço de pagamentos.

Conforme pesquisa da Teleco e da empresa Acision, o uso do celular para pagamentos no Brasil ainda é baixo: durante o primeiro semestre de 2010, somente 7% dos usuários de telefonia móvel no Brasil disseram ter usado o aparelho para comprar um produto ou pagar uma conta. Um levantamento feito no fim de 2009 mostra que, apesar das ressalvas sobre segurança, 71% dos entrevistados afirmaram que usariam o celular para substituir cartões de crédito ou de débito, enquanto 66% disseram que o telefone poderia ser uma opção para consultar saldo ou movimentar a conta no banco.

Apesar de o Brasil já ter mais de um telefone celular por habitante, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o uso da tecnologia para pagamentos está bem aquém de mercados desenvolvidos, como o Japão, onde 50% dos clientes de telefonia móvel usam o aparelho para este fim, e também de nações mais pobres, como o Quênia, onde o celular se tornou uma alternativa para a população sem acesso a bancos.

‘Ponte’. Para vencer a desconfiança do consumidor com relação à migração do cartão para o celular, a Redecard desenvolveu um serviço que usará as máquinas do comércio como "ponte". Estará disponível em testes, a partir do mês que vem, um sistema em que o cliente vai cadastrar o celular no banco emissor do cartão. Depois disso, poderá ir às lojas e digitar o número de telefone na máquina, seguido da senha do cartão. Para confirmar a compra, receberá um código por SMS, que também deverá ser informado à máquina.

A partir de outubro, o projeto estará disponível para clientes Itaucard-Vivo, em 600 mil estabelecimentos do País. A meta é estender o serviço para as 1,3 milhão de máquinas da empresa no início de 2011 - clientes de todas as bandeiras, bancos e operadoras poderão usar a novidade. "Cada consumidor poderá cadastrar até nove cartões, incluindo o ticket alimentação", diz Milton Iuki, diretor executivo de produto e marketing da Redecard. 

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