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Renda fixa e poupança superam inflação em 2011

Inflação medida pelo IGP-M encerrou 2011 em 5,10%, abaixo da rentabilidade até mesmo da poupança, de 7,45%

Por Roberta Scrivano
Atualização:

O ano que se encerra foi rentável principalmente para quem apostou nas aplicações mais tradicionais, como a renda fixa, os títulos bancários (CDBs) e a caderneta de poupança. Todas estas aplicações superaram a inflação medida pelo IGP-M, que encerrou 2011 em 5,10%.

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As opções de aplicação que integram a renda fixa (fundos de renda fixa e DI, CDB e poupança) tiveram bons resultados no fechamento do ano. Os fundos de renda fixa ganharam 9,59%; os fundos DI, 9,18%; os CDBs com aplicação superior a R$ 100 mil renderam 9,08%; a caderneta de poupança, 7,45%. Os CDBs com aplicação de até R$ 5 mil deram retorno de 7,03%; e os fundos DI de pequenos investidores, 7,34%.

Renda variável

O mesmo bom desempenho da renda fixa não pode ser observada na renda variável. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) fechou 2011 com queda de 18,11%. É o terceiro pior resultado anual da Bovespa desde 1995, ano de implementação do Plano Real. Números mais desastrosos que esse foram vistos em 1998 (-33,46%), período em que o mundo passava pelas crises asiática e russa, e em 2008 (-41,22%), quando a quebra do banco americano Lehman Brothers deu início à atual turbulência financeira.

Em uma lista com nove modalidades de aplicação, apenas a bolsa mostrou desempenho negativo neste ano. O motivo para o investimento em ação se consolidar como o pior de 2011 é justamente a crise internacional, intensificada no segundo semestre por problemas econômicos e financeiros dos países da União Europeia.

"A grande maioria dos investidores da Bovespa são estrangeiros. Se há crise lá fora e eles têm dificuldades financeiras, sacam seus investimentos e derrubam a cotação da nossa bolsa", explica Rafael Paschoarelli, professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Fipecafi. Diante desse argumento, Paschoarelli diz que considera de extrema relevância o aumento do número de brasileiros pessoas físicas na Bovespa. "Ficaríamos mais imunes às oscilações externas", detalha.

Maiores altas

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As duas melhores opções de investimentos de 2011 foram o ouro (alta de 15,85%) e o dólar (12,32%). A crise financeira também é a responsável pela colocação das modalidades no topo do ranking de rentabilidade. Ambos são tidos como reservas de valor e considerados alternativas mais seguras para investimento, portanto têm valorização em tempos de turbulência econômica.

"Se você olhar um período mais longo, verá que desde o ataque de Bin Laden ao World Trade Center, a procura por ouro cresceu muito. O receio de comprar algo que não é palpável ou que pode ser destruído fez as pessoas retomarem o interesse pelo ouro", completa André Nunes, diretor da corretora Reserva Metais, que negocia ouro.

A procura pelo metal precioso por pequenos investidores cresceu tanto nos últimos anos - sobretudo depois de 2008 -, que as corretoras passaram a negociar barras de menor valor no Brasil. A Reserva Metais, de André Nunes, por exemplo, vende barras de 5 gramas por R$ 500. Antes, o investimento mínimo era de R$ 5 mil em barras de 50 gramas.

Previsão

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Os especialistas afirmam que a atual configuração do ranking de rentabilidade tende a se manter por algum tempo. Para Samy Dana, Ph.D. em finanças e professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV/SP), a crise externa ainda permanecerá por algum tempo e, por isso, a bolsa continuará sofrendo. Além disso, ele diz que o risco dos investimentos em ações deve aumentar em 2012. "Em outras palavras, a variabilidade dos retornos ficará ainda maior", detalha o professor.

Os especialistas dizem, porém, que, no longo prazo, a Bovespa deve trazer ganhos aos investidores. Saber escolher papéis que estão baratos neste momento de baixa é outra indicação recorrente. Fazer compras gradativas também é prudente, dizem.

Mas a perspectiva do aumento do nível de oscilação e do risco da aplicação em ações faz os especialistas em finanças pessoais ecoarem a recomendação de cautela em 2012.

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"Os mercados deverão continuar bem voláteis em 2012, por causa das incertezas sobre a solução para a crise europeia e recuperação da economia mundial", avalia Fábio Colombo, administrador de investimentos que atua no mercado há mais de 20 anos.

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