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Renegociação da dívida agrícola está perto de definição

Por GUSTAVO NICOLETTA E ROBERTO SAMORA
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Uma solução para a renegociação da dívida agrícola de dezenas de bilhões de reais, que vem se arrastando há meses, está perto de ser encontrada, disseram nesta segunda-feira o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, e representantes de entidades agropecuárias. "A última informação é de que o governo editaria uma medida provisória para contemplar essa renegociação. Tudo indica que está na iminência de ter uma solução dessa última negociação", afirmou Chinaglia, após a abertura da feira de tecnologia agropecuária Agrishow, em Ribeirão Preto (SP). Segundo o deputado, a renegociação da dívida, que significa renúncia de recursos por parte do governo, foi dificultada pela queda da CPMF, mas poderia ser aprovada pela Câmara assim que a área econômica chegar a um acordo com os produtores. "A questão da agricultura brasileira ganhou tamanha dimensão que ela não pode ser tratada apenas pelo setor, é uma questão do Estado brasileiro, portanto é uma questão dos governos e da Câmara Federal... O governo fazendo um acordo, ele tem maioria na Câmara, seria possível aprovar." De acordo com Cesário Ramalho da Silva, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), o projeto de renegociação da dívida agrícola deve ser concretizado em breve. Segundo ele, a dívida total seria de 125 bilhões de reais. Já a área econômica do governo estima o montante, apenas com o setor financeiro, em 87,5 bilhões de reais. "Estamos na parte final, temos um acordo acertado. Estamos aguardando uma medida provisória a ser editada ainda hoje (segunda-feira)", disse o presidente da SRB. O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, Fábio Meirelles, reforçou a previsão de Chinaglia, afirmando que "a esperança é que nos próximos 15 dias" o processo seja concluído. Para Ramalho, o setor já conseguiu renegociar até 75 bilhões de reais do endividamento total, mas não há um valor consolidado já fechado entre governo e setor privado. Meirelles destacou que a dívida teve de ser recalculada, levando em consideração fatores que prejudicaram os produtores agrícolas nos últimos anos, como o tempo desfavorável, a inexistência de uma política de seguros e o custo de compra de insumos em um período de dólar mais alto contrastando com a venda da safra em meio à queda da moeda norte-americana. "Não teve nenhum tipo de segurança", arrematou. Neste ano, a safra brasileira de grãos deve atingir recorde de produção, fator que, aliado aos preços altos dos alimentos em todo o mundo, configura um cenário favorável para a agricultura. No entanto, segundo Ramalho, os produtores devem se precaver para a próxima temporada devido à instabilidade financeira internacional. "Temos um componente especulativo. Você tem uma profunda queda do dólar... essa alta desenfreada do petróleo, também uma supervalorização do euro ... Então são coisas que o agricultor não pode deixar de pensar", disse.

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