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Renova fecha acordo de venda de parques eólicos para AES por R$ 650 milhões

Contrato envolve a venda de 15 complexos na região de Caetité, na Bahia, e ainda passará pelo conselho da companhia; com a venda, empresa, que chegou a ser a maior geradora de energia eólica do País, volta ao estágio inicial, com operação de PCHs

Por Renée Pereira
Atualização:

A Renova Energia anunciou que fechou um acordo com a AES Tietê para a venda do parque eólico Alto Sertão II, na Bahia. Em reunião realizada na noite de quinta-feira, os sócios controladores da empresa, formada por Cemig, Light e RR Participações, aceitaram a proposta de R$ 650 milhões feita pelo grupo americano. A decisão ainda passará pelo Conselho de Administração da companhia, que possivelmente ocorrerá na semana que vem.

Parte do dinheiro da venda dos ativos será usada para concluir Alto Sertão III Foto: Hélvio Romero/Estadão

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Em nota enviada ao mercado na madrugada desta sexta-feira, 13 , a Renova afirma que a conclusão do negócio ainda está sujeita a alguns termos negociados e discutidos entre as partes. Também precisa ter o aval do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), acionista com 7,74% de participação na empresa, e dos minoritários. Mas, segundo uma fonte próxima da companhia, faltam apenas detalhes burocráticos e algumas formalidades para, de fato, concluir a transação.

O negócio envolve a compra das ações da Renova Eólica Participações, empresa que controla 15 parques eólicos na região de Caetité, no interior da Bahia. Juntos eles têm capacidade de 386 MW. Com a venda, a companhia – que já foi a maior geradora de energia eólica do País – ficará com poucos empreendimentos em operação. Na verdade, ela praticamente volta ao estágio inicial quando foi criada por Ricardo Delneri e Renato Amaral, em 2001 – empresários que dão nome a RR Participações. Em 2011, a Cemig – por meio da Light – comprou 50% do bloco de controle da Renova.

Sem o Alto Sertão II, a empresa ficará com cerca de 230 MW de energia em operação de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e a participação de 11% que mantém na TerraForm, controlada da americana SunEdison – que comprou o parque eólico Alto Sertão I. A ideia inicial de reestruturação da empresa era exatamente a oposta: preservar os ativos eólicos e se desfazer das PCHs. Mas a crise exigiu mudança de planos.

Novos projetos. O ponto positivo da empresa é o portfólio de empreendimentos, em estudo ou em andamento. Para os próximos anos, há uma série de projetos eólicos que devem entrar em operação. Parte do dinheiro da venda dos ativos para a AES, por exemplo, será usada para concluir o empreendimento Alto Sertão III - Fase A.

O projeto, de 400 MW, está com 90% das obras concluídas e deverá entrar em operação em agosto. A fase B do empreendimento terá capacidade de 300 MW, mas que possivelmente ficará para 2019. Na carteira da empresa, há ainda 355 MW contratados em leilão a ser construídos em Umburanas, na Bahia. Pelo cronograma original, o projeto teria de entrar em operação em 2018.

Dívida. Outra parte do dinheiro da venda de Alto Sertão II deverá reduzir a alavancagem da empresa, cuja dívida soma algo em torno de R$ 1,6 bilhão. A crise na Renova começou com uma frustrada parceria com a SunEdison. Em junho de 2015, a empresa vendeu 14 parques eólicos para o grupo americano, por cerca de R$ 1,6 bilhão. Desse valor, cerca de R$ 500 milhões entraram no caixa da empresa em dinheiro, e o pagamento restante foi em ações. Com dificuldades nos Estados Unidos, os papéis da SunEdison despencaram e a Renova teve de contabilizar as perdas e fazer uma ampla reestruturação.

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Considerada uma das precursoras no setor de energia eólica, a companhia teve de enxugar sua estrutura e cortar despesas. Para equalizar as contas, renegociou e cancelou contratos com os sócios. Em meados do ano passado, por exemplo, ela entrou em acordo com a Cemig para encerrar a venda de quase 700 MW de energia de um parque eólico que entraria em operação em 1º de janeiro de 2019. Além disso, os sócios tiveram de aportar mais de R$ 700 milhões para que a empresa continuasse de pé. A venda de ativos agora deve dar novo fôlego para empresa superar os próximos desafios.