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Risco de contágio financeiro é baixo, diz Tombini

Solidez do sistema está garantida pelo acordo de Basileia e pelos R$ 450 bilhões que os bancos mantêm depositados no Banco Central

Por Beatriz Abreu e da Agência Estado
Atualização:

BRASÍLIA - A exposição do sistema financeiro brasileiro (SFN) à fragilidade dos bancos europeus é baixa, na avaliação do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Essa solidez do sistema, segundo Tombini, está garantida pela capitalização das instituições, segundo as normas definidas no acordo de Basileia (que estrutura a atuação dos bancos em níveis de segurança) e dos R$ 450 bilhões que os bancos mantêm depositados no Banco Central.

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Na eventualidade do agravamento da crise financeira na zona do euro, o Brasil teria condições de enfrentar esse desafio. O presidente do Banco Central se encontra em viagem ao exterior, onde participou, no fim de semana, da reunião de Bancos Centrais na Suécia.

Os comentários de Tombini, transmitidos por meio de sua assessoria de imprensa, consideram relatório do Banco de Compensações Internacionais (BIS) sobre o risco de países emergentes e dos Brics, diante do agravamento da crise financeira na zona do euro. O relatório menciona que os bancos europeus têm US$ 416 bilhões em operação no Brasil, o que poderia ser uma evidência da dependência brasileira de recursos desses bancos.

Essa dependência imporia um risco maior considerando-se a possibilidade de uma nova fase de escassez de recursos no exterior. Esse valor é reconhecido pelo Banco Central, mas Tombini rejeita essa vulnerabilidade. Segundo dados do BC, esse valor de US$ 416 bilhões se refere a todos os tipos de operações ativas dos bancos europeus, porque incluem, além das operações de crédito, as de renda fixa e variável. "Cerca de 80% das operações de crédito de bancos de origem estrangeira são realizadas com recursos captados no próprio mercado brasileiro", afirma Tombini ao se referir aos depósitos dos clientes ou captações junto ao mercado de capitais. Segundo ele, as fontes europeias representam apenas 3% das captações totais do Sistema Financeiro Nacional.

Os dados do BC mostram também que o total das operações de crédito das instituições estrangeiras equivalia em outubro passado a R$ 337,8 bilhões, de um total de R$ 1,946 trilhão. Deste montante, 14% são operações realizadas por bancos europeus, ou seja, R$ 272,5 bilhões.

Tombini explicou que, de acordo com a legislação prudencial brasileira, as instituições de capital estrangeiro operam no sistema financeiro nacional na forma de "subsidiária integral". "Portanto, o capital é plenamente integralizado no Brasil, sujeito às regras impostas pelo órgão regulador e à estrita supervisão do Banco Central", afirma o presidente do BC. O relatório do BIS, detalhado em matéria de hoje no jornal <b>O Estado de S.Paulo</b> e pela <b>Agência Estado</b> em seu noticiário de tempo real, mostra que o Brasil entre os Brics é o mais dependente do capital europeu.

O presidente do BC contesta essa dependência, mas concorda que em relação ao fluxo de capitais houve uma moderação do ingresso, "principalmente naquelas modalidades mais voláteis e de curto prazo". O relatório do BIS sugere que 30% do dinheiro de curto prazo é de origem europeia. Essa retração, como explica o presidente do BC, é resultado também das medidas macruprudenciais. Essas medidas foram adotadas para mitigar riscos à economia e ao próprio sistema financeiro nacional .

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Tombini lembra que nas demais modalidades "de melhor qualidade"- o fluxo para o Brasil continua elevado. "No caso do investimento estrangeiro direto o ingresso líquido mensal tem sido, nos últimos meses, superior a UR$ 5 bilhões", garante o presidente do BC.

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