A mineradora Samarco espera retomar a operação em Minas Gerais no quarto trimestre deste ano com quase dois terços da capacidade, devido a limitações para a captação de água e deposição de rejeitos, afirmou à Reuters o diretor-presidente da companhia, Roberto Carvalho.
O retorno das operações é fundamental para a joint venture da Vale e da BHP Billiton pagar indenizações bilionárias acertadas com o governo federal, após o rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), em novembro passado. A unidade está embargada pelo Estado desde o acidente.
Segundo Carvalho, a Samarco retomará operações com capacidade limitada de produção de 19 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro por ano. O número está abaixo das cerca de 30 milhões de toneladas anuais que a empresa produzia antes do acidente em Mariana.
Em um acordo firmado com o governo federal, a Samarco e seus controladores concordaram em desembolsar, durante três anos, cerca de R$ 4,4 bilhões em ações de compensação pela tragédia. Após 2018, o acordo prevê um pagamento anual de R$ 1,2 bilhão.
Entraves. Apesar da intenção da empresa de retomar as atividades, a Samarco ainda depende de autorizações do órgão ambiental de Minas Gerais (Semad) e do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para voltar a produzir.
Para a Samarco, o acordo realizado com o governo federal sobre reparações e compensações trouxe mais segurança política para a empresa voltar a operar, apesar de o acerto não conter cláusulas relacionadas ao retorno da empresa.
“A gente não trabalha com a possibilidade de a empresa não voltar a operar”, disse o presidente da Samarco, que frisou estar confiante de que há clientes aguardando pelo seu retorno, mesmo em um cenário de preços baixos das pelotas.
A empresa iniciou no mês passado, na Semad, o processo de licenciamento ambiental para a retomada das atividades. Posteriormente, deverá entrar com pedido de suspensão de embargos levantados pelo DNPM depois do colapso da barragem, que deixou 18 mortos e uma pessoa ainda desaparecida.
A redução da capacidade das operações, nos primeiros dois a três anos, será necessário porque o desastre obstruiu uma das principais fontes de captação de água da Samarco e também reduziu a possibilidade de deposição de rejeitos.
Um plano de longo prazo, para o retorno à capacidade máxima de operação, ainda dependerá de estudos a serem realizados pela companhia, assim como do aval das autoridades.