PUBLICIDADE

Segundo maior banco da China compra o BicBanco por R$ 1,6 bilhão

Aquisição marca o início das operações diretas do China Construction Bank Corporation no País e a entrada de instituições asiáticas no ranking dos 15 maiores bancos brasileiros

Foto do author Aline Bronzati
Por Aline Bronzati (Broadcast) e Marina Gazzoni
Atualização:

Atualizado às 22h

PUBLICIDADE

SÃO PAULO - O BicBanco confirmou nesta quinta-feira, 31, a venda do seu controle, equivalente a 73,96% do capital total, para o China Construction Bank Corporation (CCB) por R$ 1,62 bilhão. O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, antecipou em setembro o interesse do banco chinês pela instituição brasileira.

A aquisição do controle do BicBanco representará o início das operações diretas do China Construction Bank no Brasil. Conforme fato relevante enviado ao mercado, o banco vai continuar a operar como um banco comercial, com foco no segmento de empresas de médio porte.

O CCB é o segundo maior banco comercial na China com 14.859 trilhões de yuan (cerca de R$ 5,5 trilhões) em ativos totais e empréstimos de 8,095 trilhões de yuan (de cerca de R$ 3 trilhões). O banco tem ações negociadas na Bolsa de Valores de Hong Kong e Xangai e seu valor de mercado supera os US$ 180 bilhões (cerca de R$ 396 bilhões). Com quase 60 anos, o chinês é considerado o 5º maior dentre os bancos de capital aberto no mundo.

Seus principais negócios incluem serviços bancários corporativos e pessoais e operações de tesouraria. O CCB conta com uma rede de mais de 14 mil filiais na China e em torno de 345 mil empregados. "A operação marca a entrada dos asiáticos na lista dos 15 maiores bancos do Brasil. Isso é novidade no mercado brasileiro", disse o analista da Austin Rating, Luis Miguel Santacreu.

O China Construction Bank Corporation não pretende fazer grandes alterações na atual estrutura do BicBanco após obter as autorizações dos órgãos reguladores responsáveis para a aquisição, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast. O objetivo é manter a gestão atual e trazer alguns executivos chineses para o quadro do banco.

O CCB considera o Brasil um país fundamental dentro da sua estratégia global devido à forte relação comercial com a China. "Pela primeira vez, o CCB adquire uma participação majoritária em um banco comercial brasileiro. A aquisição permitirá ao CCB entrar no Brasil, um mercado de grande importância estratégica", afirmou o presidente do CCB, Hongzhang Wang, em nota à imprensa.

Publicidade

O investimento no Brasil está em linha com a estratégia da instituição de se expandir internacionalmente. Sua rede no exterior contempla 68 instituições estrangeiras que cobrem 14 países e regiões.

No ano passado, o CCB chegou perto de adquirir a unidade brasileira do alemão West LB, que acabou vendida ao japonês Mizuho.

Carteira. Com o BicBanco, o CCB passa a ter acesso a uma carteira de empresas de todos os segmentos e de diferentes portes. "Eles compraram o maior dos bancos médios brasileiros. É uma operação interessante estrategicamente", disse Santacreu.

Segundo ele, o interesse do banco chinês pelo Brasil é compatível com a relevância da relação comercial entre os países. Hoje a China é o maior parceiro comercial do Brasil.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Um dos fortes do CCB é sua carteira de investimentos em infraestrutura, um negócio que tem potencial para desenvolver no Brasil, diz Santacreu. "Esse banco deve trazer mais capital para investimento em infraestrutura e, com ele, mais empresas chinesas interessadas em participar de projetos de infraestrutura no Brasil."

A troca de controle no BicBanco deve dissipar temores sobre a solidez financeira do banco. A instituição teve sua nota de crédito rebaixa pela agência Moody’s e viu o valor dos seus bônus externos derreter. A desvalorização foi tanta que o próprio banco recomprou parte dos títulos.

O BicBanco é o 11º em operações de crédito entre os bancos privados no Brasil. Voltado para empresas médias, o banco tem cerca de R$ 17 bilhões em ativos e carteira de crédito de R$ 11,61 bilhões, segundo dados de junho. O índice de Basileia, que mede quanto o banco pode emprestar sem comprometer seu capital, encerrou junho em 18,5%, acima dos 11% mínimos exigidos pelo Banco Central.

Publicidade

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.