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Sem refinaria, siderúrgica ganhou relevância

Decisão da Petrobrás de suspender obras da Premium 2 fez governo do Estado dar prioridade à Siderúrgica do Pecém

Por Mariana Durão
Atualização:

RIO - A Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) é estratégica para as sócias coreanas, mas também para o desenvolvimento econômico do Estado do Ceará. O componente político não pode ser menosprezado para explicar a manutenção do projeto pela Vale. A decolagem da usina ganhou ainda mais peso com a recente decisão da Petrobrás de abandonar a refinaria Premium 2, também localizada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). O governo do Ceará divulgou uma nota de repúdio diante da suspensão do projeto, “um sonho do povo cearense e importante vetor de desenvolvimento local e regional” e considerou a medida da estatal “uma quebra unilateral do compromisso firmado com o Estado” e “desrespeito da empresa com o povo cearense”. A conclusão da refinaria foi uma das promessas de campanha do governador Camilo Santana (PT-CE). A secretária do Desenvolvimento Econômico do Ceará, Nicolle Barbosa, reconhece que o recuo da Petrobrás voltou os holofotes para a CSP, que ocupa 998 hectares do CIPP. “A siderúrgica muda o entorno do Complexo do Pecém, atraindo novos negócios. Estamos trabalhando em parceria para formar essa cadeia de fornecedores para a empresa, estabelecendo um polo metalomecânico”, diz Nicolle. A operação conta com contrapartidas do governo local, que viabilizou parte da infraestrutura para a operação da CSP dentro do porto. Em setembro do ano passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) contratou um empréstimo de R$ 190 milhões com o Estado do Ceará, para instalação de uma correia transportadora no porto, destinada a transportar minério e carvão para a siderúrgica, que fica a 7 quilômetros. Outra obra importante a cargo do governo é a duplicação de trechos da rodovia CE-085.Empregos. As obras da Siderúrgica do Pecém geram hoje 13 mil empregos, a grande maioria para cearenses, afirma Claudio Pinho, prefeito de São Gonçalo do Amarante, cidade onde a usina está instalada. A expectativa é que na operação a siderúrgica gere 4 mil empregos diretos e 10 mil indiretos. “É uma cidade dentro da nossa cidade de 45 mil habitantes. Uma indústria de base que vai gerar um incremento de R$ 5,6 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará e elevar a massa salarial. A economia da cidade já mudou. A preocupação agora é evitar o crescimento desordenado e não perder qualidade de vida”, diz Pinho. A secretária não esconde a preocupação com o abastecimento de água, fundamental para o bom funcionamento da siderúrgica. O projeto é um dos favorecidos pelo Eixão das Águas , maior obra de infraestrutura hídrica do Ceará. Segundo Nicolle, a obra garante o abastecimento de água até o fim 2016, mas se 2015 também for um ano de seca o sinal de alerta estará aceso. Para evitar contratempos, a companhia estuda, em conjunto com o governo, alternativas como a dessalinização de água do mar e o tratamento de esgoto para reúso industrial.

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