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Ser Educacional faz nova proposta pela Estácio

Na atual oferta, a Ser prevê distribuição de dividendos extraordinários aos atuais acionistas da Estácio no valor de R$ 1 bilhão

Foto do author Fernanda Guimarães
Por Catia Luz , Fernanda Guimarães e Marcio Rodrigues
Atualização:

A Ser Educacional elevou seu lance na disputa pela rival Estácio Participações. A empresa pernambucana, que ocupa a sexta posição na lista das maiores companhias privadas de educação superior no País, aumentou a oferta em dinheiro na tentativa de se unir à segunda maior empresa do ranking. A Estácio também é alvo de oferta da líder Kroton e de uma proposta, ainda não formalizada, da família Zaher, maior acionista individual da companhia, com fatia de 14,3%. 

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Na nova oferta, a Ser propôs pagar R$ 1 bilhão, ou R$ 3,25 por ação, em dividendos extraordinários para os acionistas da Estácio. Na proposta feita no início do mês, o valor era de R$ 590 milhões. A fatia para cada companhia na combinação de negócios, no entanto, foi mantida no mesmo patamar, com os acionistas da Estácio ficando com 68,7% da empresa combinada e os da Ser, com 31,3%. Outro ponto é que o conselho de administração da Ser Educacional indique o diretor presidente da companhia combinada.   Para fazer a nova oferta, válida até 8 de julho, a Ser assegurou, segundo fontes, linhas de financiamentos com um banco internacional e um nacional. E, dessa vez, cobrou no fato relevante que o conselho da Estácio considere os riscos regulatórios envolvidos em todas as propostas enviadas à empresa. Em clara referência à proposta da Kroton – que, se concretizada, criará um participante muito maior do que os concorrentes –, a Ser afirmou que estes riscos poderiam atrasar o fechamento do negócio e reduzir os benefícios gerados aos acionistas. 

Reunião. Todas as ofertas serão analisadas hoje em reunião do conselho da Estácio. Segundo fontes próximas à Estácio, a nova proposta da Ser foi bem recebida e, por isso, há a expectativa de que a Kroton também seja mais generosa.

Fontes próximas à líder do setor, no entanto, dizem que a companhia não deve elevar a oferta e nem estender o prazo para que a rival a aceite, que termina hoje. Caso a Kroton não obtenha uma posição da Estácio ou nenhum acionista com mais de 5% exija a realização de uma assembleia, uma oferta hostil não estaria descartada, dizem as mesmas fontes.

Do ponto de vista financeiro, a oferta de troca feita pela Kroton, de 1,25 ação da empresa por cada uma da Estácio, seria de cerca de R$ 17 por papel. Já a nova proposta da Ser seria em torno de R$ 14,20 por papel da Estácio. 

Diante disso, analistas do setor indicaram maior possibilidade de uma fusão entre Kroton e Estácio. Em relatório, o JPMorgan afirmou acreditar que um negócio entre as duas empresas “é o resultado mais provável, dada a base acionária comum entre as empresas.” 

Levantamento feito por um banco e divulgado pelo Estado aponta que as duas companhias têm dez acionistas em comum, entre fundos estrangeiros e bancos de investimento, que respondem por 46% da Estácio e 32% da Kroton. O banco já havia afirmado, no entanto, que uma eventual fusão entre os dois players não aconteceria sem a venda de ativos, dada a dimensão das operações combinadas na área de ensino à distância.

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Em relatório, o UBS seguiu a mesma linha: “Kroton é o melhor veículo para consolidação do setor de educação do Brasil, dado o histórico de fusões da empresa e apesar do caminho mais complicado que pode enfrentar para a aprovação de uma eventual fusão”, disseram os analistas Maria Tereza Azevedo e Richard Dineen.

Fontes próximas à Ser Educacional, por sua vez, reforçam que a possibilidade de impedimentos regulatórios pode tornar o negócio com a Kroton praticamente inviável. Além disso, afirmam que Ser e Estácio ainda teriam potencial de continuar se expandindo após a fusão, enquanto a outra combinação praticamente inviabilizaria novas aquisições ou a expansão de novos cursos.

Terceira via. Em meio à briga das rivais, no início da semana, a família de Chaim Zaher, maior acionista individual da Estácio e hoje presidente executivo da empresa, afirmou que considera comprar o controle da companhia. 

Por meio do Clube de Investimentos TCA, a família, que já tem 14,13% da empresa, poderia fazer uma oferta por mais 36% do capital, ficando com 50,13%. Nesta quarta-feira, 29, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deu 20 dias para que o TCA se manifeste sobre uma oferta.

Procuradas, Kroton e Ser Educacional não se manifestaram. A Estácio, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que só falaria por meio de fatos relevantes e comunicados ao mercado. 

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