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Shopping centers adotam nova visão

Ambiente e serviços diferenciados ajudam a enfrentar a desaceleração econômica

Por Mário Braga
Atualização:

O setor de shopping centers atravessa um momento desafiador comum a todos os setores da economia brasileira. As maiores preocupações se concentram na perspectiva de queda da renda, redução do nível de emprego e o aumento da taxa de juros em meio a um cenário de inflação alta. 

Caminhos. Daniel Fernandes (Estado), Alessandro Poli Veronezi (General Shopping Brasil), Renato Rique (Aliansce) eJosé Auriemo Neto (JHSF) participaram de painel sobre centros comerciais, que discutiu o mercado de shopping centers Foto: Amanda Perobelli/Estadão

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A avaliação é de Renato Rique, economista e diretor presidente da Aliansce. “São fatores que levam à compressão do consumo, afetam o varejo e acabam refletindo nos shopping centers também”, afirmou, durante o Summit Imobiliário 2015.

Ele ressalta, no entanto, que os reflexos negativos da crise econômica nos shoppings não devem ser da mesma ordem que na economia como um todo ou mesmo que no setor do varejo. 

“Os shoppings não são uma ilha isolada da economia, mas são mais resilientes”, disse. Além de questões macroeconômicas, Rique apontou outros fatores intrínsecos ao segmento que são complicadores no atual cenário. “Vemos o excesso de shoppings nos últimos quatro anos, com o ‘brotamento’ de novos empreendedores de shoppings”, disse, em referência à profusão de novos shoppings mesmo em cidades em que não há mercado consumidor para tanto.

Para Alessandro Poli Veronezi, presidente do Conselho de Administração da General Shopping Brasil, os desafios impostos pelo cenário macroeconômico serão vencidos pelo setor de shoppings centers. “O cenário de ajuste macroeconômico vai levar um tempo, mas vai passar. Deve passar em dois anos”, estimou. 

Segundo ele, no entanto, quando há falta de equilíbrio entre oferta e demanda não há muito o que ser feito. “Um shopping colocado no lugar errado não tem como ser corrigido.”

Na mesma linha, José Auriemo Neto, presidente da JHSF, observa que os shoppings não competem mais por clientes “desatendidos”, que não tinham um centro comercial deste tipo para frequentar.

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“O mercado cresceu, os shoppings já ocuparam os lugares que eram óbvios”, avaliou. “Agora, eles enfrentam um mercado mais competitivo, e se não se desenvolvessem, não teriam tanto apelo.”

Experiências. Veronezi apontou outra mudança de paradigma para os shopping centers: o hábito dos frequentadores. Se anteriormente as pessoas iam a estes centros comerciais essencialmente fazer compras, hoje elas têm outros objetivos na lista, como a busca por experiências. “Se antes o sucesso de um shopping era medido pela quantidade de vendas, hoje não se limita a isso”, afirmou. 

“Atualmente, o cliente de um shopping procura experiências humanas, sensoriais e sociais, como ver e ser visto”, exemplificou, citando os casos dos “rolezinhos”.

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Para Rique, face a essas mudanças, os empresários do setor entenderam a necessidade de adaptar seus negócios à nova realidade, que se impõe há alguns anos. “A concorrência hoje não é apenas com shoppings vizinhos, mas da própria casa do consumidor e de outras opções de lazer”, afirmou. “Shopping hoje é ponto de encontro. É um oásis em meio ao caos e deserto urbano.”

Auriemo Neto exemplificou como a JHSF aplica as mudanças na visão do negócio. A noção de usos mistos do espaço foi um dos pontos reforçados por ele. A estratégia é investir na parte interna, em paisagismo e na oferta de serviços diferenciados, desde spas e academias a centros de eventos. “Não tem mais espaço (no mercado), senão para um shopping ultra bem concebido e ultra bem mantido”, afirmou.

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