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Sindicato acusa Honda de ‘assédio moral coletivo’

Montadora demitiu trabalhadores da fábrica de Sumaré por telegrama, durante processo de negociação com o sindicato e greve iniciada em 12 de maio 

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O Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região entrou nesta quinta-feira, 19, com ação de assédio moral coletivo contra a Honda do Brasil no Ministério Público. Paralelamente, ingressou com pedido de dissídio coletivo no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). O sindicato reclama que a montadora demitiu funcionários por telegrama, no meio de um processo de negociação e no decorrer de uma greve iniciada dia 12.

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Na quarta-feira, a Honda anunciou 400 demissões, o equivalente a 12% do seu quadro de pessoal, formado por 3,4 mil pessoas na fábrica instalada em Sumaré (SP). A empresa avisou ainda que há 800 funcionários que ficarão ociosos e estuda medidas para evitar novos cortes.

Com dificuldade em importar componentes do Japão após o terremoto de 11 de março, a empresa vai reduzir a produção diária de 600 para 300 automóveis a partir de junho. Antes disso, os funcionários entrarão em licença remunerada a partir de segunda-feira. A fábrica produz os modelos Civic, City e Fit.

O diretor do sindicato, Eliezer Mariano, espera uma intervenção do TRT ainda hoje. "Questionamos a forma como as demissões foram feitas, de forma arbitrária", disse. Ele também aguarda rápido posicionamento do Ministério Público, por tratar-se de um "conflito já instalado".

Em nota, a Honda divulgou nesta quinta-feira que "utilizou o recurso de telegrama apenas como medida de registro, por absoluta impossibilidade de encontrar os trabalhadores da linha de produção que estavam ausentes da planta em função da paralisação dos turnos proposta pelo sindicato".

Informou ainda que os demitidos começaram a receber ontem cartas explicando a situação e as dificuldades na produção dos automóveis e lembrou que não realizava demissões desde 1992. A empresa não reconhece a greve dos funcionários e afirma que ocorreram paralisações definidas a cada turno.

O sindicato alega que há alternativas para evitar as demissões, como a redução da jornada de trabalho e férias coletivas. Ambas foram recusadas pela Honda durante as negociações.

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A Honda voltou a justificar o corte na produção. "Em função dos desastres naturais ocorridos no Japão, diversos fornecedores de componentes eletrônicos, que não podem ser substituídos facilmente, tiveram sua produção afetada. Com isso, o envio de peças para diversos países, inclusive o Brasil, foi prejudicado."

A empresa acredita que o desabastecimento de peças vai se manter até o fim do ano, embora a matriz do grupo tenha informado no Japão realizar esforços para antecipar a retomada da produção normal nas fábricas dos fornecedores de peças.

Queda. Na quarta-feira, o diretor da Honda, Paulo Takeuchi, disse que a empresa previa para este ano aumento de 5% na produção ante as 134,1 mil unidades de 2010. "Agora, nossa projeção é de queda de 20%." Já as vendas devem cair 30% em relação ao total de 126,4 mil unidades vendidas no ano passado. O novo Civic, que seria lançado no segundo semestre, ficou para 2012.

No primeiro quadrimestre, a marca vendeu 36,8 mil carros, 8,4% a menos que em igual período de 2010. O mercado como um todo cresceu 3,7%. A participação da marca nas vendas de automóveis e comerciais leves hoje é de 3,5%, ante 4,2% em 2009. 

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