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Sindicato dos Metalúrgicos pedirá veto a venda da Embraer para Boeing

Em comunicado, presidente da Embraer afirmou que funcionários 100% focados na área de jatos comerciais serão transferidos para nova empresa

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Por Luciana Dyniewicz
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O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, cidade paulista onde fica a maior fábrica da Embraer, vai pedir ao governo do presidente Michel Temer e ao Congresso Nacional que vetem a operação de venda de 80% da área de jatos comerciais da empresa brasileira para a Boeing. Segundo o presidente do sindicato, Weller Gonçalves, a operação colocará em risco cerca de 25 mil empregos.

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Mudanças para trabalhadoressó deverão ocorrer daqui 18 meses Foto: Sergio Castro/Estadão - 24/10/2014

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A unidade da Embraer em São José dos Campos emprega, ainda segundo o sindicato, 13 mil pessoas. Além dessas, há terceirizados em áreas como limpeza e alimentação e funcionários de outras 40 empresas metalúrgicas que prestam serviços para a fabricante de aviões. "Isso tudo está em risco", destacou o líder sindical. "Desde 2015, a Embraer está desnacionalizando parte da produção. Mandando parte da produção para Portugal e Estados Unidos (onde a companhia também tem fábricas). Agora, os novos projetos da empresa não vão vir para cá, vão para os Estados Unidos", acrescentou. 

+ Analistas avaliam acordo como positivo, mas esperam valorizaçãoO presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, enviou um comunicado aos funcionários da empresa às 7h52 desta quinta-feira (5), 15 minutos antes de a imprensa ser notificada. O documento afirma que os funcionários que atuam 100% na área de jatos comerciais da Embraer serão deslocados para a nova companhia, formada entre a própria Embraer e a Boeing. Trabalhadores cujas funções são divididas entre mais de uma unidade de negócios (aviação comercial e militar, por exemplo) serão remanejados conforme as necessidades. Essas alterações só deverão ocorrer daqui 18 meses, período necessário para que os detalhes do acordo sejam fechados.  Silva também informou que as unidades da empresa em Gavião Peixoto (SP), Botucatu (SP), Eugênio de Melo (principal centro de engenharia da empresa), OGMA (Portugal) e Melbourne (unidade de aviação executiva nos Estados Unidos) permanecem com a Embraer. As unidades Faria Lima (matriz da empresa em São José dos Campos), EDE (Embraer Divisão de Equipamentos, em São José dos Campos, que fabrica itens como trens de pouso), Taubaté (SP), Évora (Portugal) e Nashville (EUA) serão da nova empresa. A Embraer será detentora de 20% dessa companhia e a Boeing de 80%. O presidente da fabricante brasileira de aeronaves afirmou ainda que o movimento de associação de empresas no mercado em grandes blocos estão "dificultando a negociação" para companhias do porte da Embraer. "É mandatório buscarmos soluções de longo prazo. Precisamos ter flexibilidade e ousar novos formatos de negócios para que possamos nos manter competitivos no mercado", disse o executivo no comunicado.  Silva acrescentou que a parceria garantirá a "geração de empregos" no País. "Sei que essas mudanças são profundas e geram ansiedade, mas quero que tenham certeza que estamos focados na construção da perpetuidade da Embraer, bem-estar dos empregados e manutenção dos empregos", afirmou.

No início de maio, o Ministério Público do Trabalho já havia notificado a Embraer e a Boeing, recomendando que as empresas incluíssem salvaguardas trabalhistas no acordo comercial entre as empresas, "especialmente no que se refere à manutenção do patamar de empregos no Brasil, de modo a impedir que eventual decisão pela controladora sobre transferência de atividade econômica ao exterior resulte em demissões em massa".

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