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Sob novo comando, rede de laboratórios Fleury quer diversificar serviços e ampliar presença digital

A nova CEO da empresa, Jeane Tsutsui, quer fortalecer os ramos de medicina ambulatorial e o teleatendimento de pacientes

Por Luisa Laval
Atualização:

Após o anúncio inesperado da troca de comando na rede de laboratórios Fleury, no início de abril, a companhia quer acelerar a estratégia de criar sua própria plataforma de saúde, deixando de oferecer apenas os serviços de laboratório para fortalecer seus ramos de medicina ambulatorial e atendimento digital. A nova CEO, Jeane Tsutsui, bate na tecla de que a companhia quer marcar cada vez mais presença na jornada de saúde do paciente.

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"Olhando para o trimestre anterior, já dobramos o número de vidas atendidas no Saúde iD e já batemos um número maior que todo o ano de 2020", afirma a executiva, em entrevista ao Estadão/Broadcast. "Estamos reforçando a estratégia de termos uma medicina diagnóstica robusta, uma plataforma de saúde, com transformação digital, com todos os serviços e soluções integradas, com dados consistentes e, por fim, com os novos serviços que já vínhamos falando em termos de novos elos."

Nos últimos dez meses, de junho de 2020 a abril de 2021, a plataforma digital Saúde iD, responsável pela área de telemedicina do grupo, realizou mais de 300 mil teleconsultas, como antecipou a Coluna do Broadcast. Desse total, 40% dos encontros virtuais entre médicos e pacientes foram realizados em cidades nas quais o Fleury não tem unidades.

A nova CEO da rede de laboratórios Fleury, Jeane Tsutsui. Foto: Felipe Rau/Estadão - 20/5/2019

"Por meio da teleconsulta, podemos atender em todo o território nacional. Já temos 670 médicos realizando esse tipo de atendimento", diz Jeane. "Isso mostra como cada vez mais essa associação entre a saúde digital e a saúde física vai fazer com que mantenhamos o contato cada vez maior com o cliente."

Após enfrentar um baque no segundo trimestre do ano passado por causa das medidas de restrição contra a covid-19, o Fleury conseguiu sustentar parte importante da sua receita com os testes da doença. Por outro lado, o exame já registrou queda de participação na receita do laboratório no primeiro trimestre.

"Queremos ressaltar a robustez do crescimento. Começamos a sentir impacto a partir da segunda quinzena de março do ano passado, mas janeiro e fevereiro já tinham sido meses fortes", afirma Fernando Leão, diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores. "Temos vindo numa fórmula muito grande, não só também de retomada de demanda, mas também como de presença no mercado."

Águas incertas

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Mesmo com a surpresa do mercado com a troca inesperada do CEO anterior, Carlos Marinelli, por Jeane, analistas veem com bons olhos a mudança na diretoria e avaliam os resultados da companhia como fortes, além de perspectivas positivas de transformação da empresa.

Leandro Bastos, analista do Citi, diz que o Fleury continua realizando boa execução dos negócios mesmo com um cenário incerto, mostrando a força das marcas da companhia e também habilidade de rápida adaptação. "Além disso, novos negócios devem continuar a ganhar força em um ritmo acelerado. Lembramos que várias das mudanças feitas na pandemia têm efeitos estruturais no longo prazo."

Apesar de avaliarem positivamente a mensagem de continuidade da nova gestão, casas de análise destacam que a empresa ainda deve provar sua capacidade de crescimento, especialmente com relação à estratégia de diversificação de serviços. Durante a teleconferência de resultados na semana passada, diversos analistas questionaram se o grupo pretende fazer aquisições maiores e como manterá as margens de rentabilidade.

"Entendemos que essa transição envia uma mensagem de continuidade, reforçando a empresa como plataforma de saúde com o objetivo de prosseguir um novo ciclo de crescimento. No entanto, conforme o Fleury se afasta gradualmente de seu negócio principal altamente lucrativo, ainda não está claro se ela terá sucesso em manter sua lucratividade historicamente forte", conclui o BTG Pactual, em relatório assinado pelos analistas Samuel Alves e Yan Cesquim, em abril.

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Além disso, permanece no radar a incerteza com relação ao desempenho de laboratórios, que têm um cenário nebuloso à frente. "Os laboratórios estão em uma posição difícil na cadeia de valor de saúde, com poder de barganha limitado junto aos pagadores (planos de saúde)", apontam os analistas da XP Vitor Pini, Matheus Soares e Marcella Ungaretti.

Na visão da XP, a situação difícil deve continuar e possíveis ganhos de eficiência devem ser "transferidos" para os pagadores, limitando a perspectiva de crescimento do lucro para os laboratórios. Durante a teleconferência, Jeane apontou que o grupo tem se aproximado das operadoras e adotado estratégias para manter a sustentabilidade dos atendimentos.

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