Porto Alegre, 8 - Presidentes e diretores comerciais de cooperativas agropecuárias gaúchas embarcam amanhã para a China com o objetivo de estreitar o relacionamento com os compradores de soja e prospectar negócios nos segmentos de carnes suína e bovina, além de leite e trigo. Ao todo, o grupo terá 27 pessoas, com um roteiro de visitas organizado pela CCGL, que reúne 19 cooperativas e administra os terminais graneleiros Termasa e Tergrasa no porto de Rio Grande (RS). A viagem estava nos planos da CCGL desde o ano passado, mas a agenda das cooperativas não permitiu, lembra o presidente da Termasa/Tergrasa, Caio Vianna. No primeiro semestre deste ano, houve o embargo temporário da China à soja brasileira, o que atrasou novamente a missão. O volume médio mensal de soja exportada pelo Estado para a China somou 151 mil toneladas de janeiro a junho. O efeito do embargo, que começou no final de maio, apareceu nos dados de julho, quando a venda para a China foi de apenas 500 toneladas. Em agosto e setembro, os embarques voltaram ao normal, relata Vianna. A China recebia cerca de 60% da soja exportada pelo Rio Grande do Sul antes da crise, gerada pela presença de sementes tratadas com fungicidas nas cargas embarcadas. A missão à China não visa evitar a participação de tradings nas exportações e vender diretamente aos importadores, diz Vianna. A aproximação é uma forma de diversificar os canais de comercialização e entender melhor as características do complicado mercado chinês, explica o dirigente. "Não é nosso interesse ter 100% nem com uma nem com outra", afirma Vianna, sobre a hipótese de concentrar vendas apenas por meio de tradings ou diretamente com os importadores. "Temos diferenças culturais importantes (com a China) e há necessidade de relacionamento e entendimento por parte dos nossos dirigentes", aponta ele. Com as notícias de bom desempenho da safra norte-americana e a previsão de aumento de área na América do Sul, a próxima safra deverá ter um cenário diferente da anterior, compara Vianna. Para o dirigente, a tendência é de uma oferta maior, com preços menores, o que deve estimular os pedidos da China. Por isso, ele espera um volume maior de vendas, com cotações menores que as praticadas na última safra.