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Suinocultura de MT quer menos impostos para atenuar crise

Custo de produção é estimado em R$ 2,10 por quilo de suíno vivo, enquanto os criadores estão recebendo no máximo R$ 1,70 na venda do animal

Por Venilson Ferreira e da Agência Estado
Atualização:

A falta de perspectivas para reverter os prejuízos que se acumulam desde janeiro deste ano, provocados pelo descompasso entre os preços recebidos e o alto custo de produção, levou os criadores de Mato Grosso a reivindicar do governo estadual a redução de impostos sobre os principais insumos da atividade. O custo de produção é estimado em R$ 2,10 por quilo de suíno vivo, enquanto os criadores estão recebendo no máximo R$ 1,70 na venda do animal. O diretor executivo da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Custódio Rodrigues, calcula que somente a isenção do ICMS sobre a energia elétrica proporcionaria uma economia mensal de até R$ 2 mil nas granjas com 500 matrizes.

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Apesar da sequência de crises dos últimos anos, a suinocultura mato-grossense vem se estruturando para aumentar a produção, apostando na maior disponibilidade local de matéria-prima, principalmente milho e farelo de soja, mas o setor foi pego no contrapé com o aumento dos preços das commodities. Segundo um levantamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em meados do ano passado 4 kg de carne suína eram suficientes para comprar uma saca de milho. Em maio deste ano foram necessários 12 kg. Em junho, com a perspectiva de safra, 10 kg de carne equivaliam a uma saca de milho.

Custódio Rodrigues afirmou que os suinocultores vão reivindicar ao governo federal que acabe com o incentivo às exportações de milho de Mato Grosso, que no ano passado possibilitaram vendas externas de 5,5 milhões de toneladas do cereal. Outra preocupação do setor é contar com uma contrapartida do governo federal no caso da concessão de subvenções ao escoamento do milho depositado no Estado para outras regiões do País, pois o valor de R$ 18/saca é uma das poucas vantagens competitivas da suinocultura local, uma vez que a cotação no Paraná e Santa Catarina está em R$ 28/saca.

Otávio Celidonio, superintendente do Imea, diz que o embargo da Rússia tem impacto relativo sobre a suinocultura Mato-grossense, pois as exportações correspondem a 13% do volume total de carne suína produzido no Estado. O problema é que as vendas para o mercado russo correspondem a quase 90% das exportações de carne suína de Mato Grosso. O Imea calcula que, em função da queda de 23% no volume embarcado nos primeiros cinco meses desde ano e o recuo do câmbio, o valor das exportações mato-grossenses teve uma queda de 26% (para R$ 11,17 milhões) em relação ao mesmo período do ano passado. Celidonio estima que se a queda de receita se mantiver no ritmo atual "cerca 5,19 mil pessoas (16% da mão-de-obra total) que trabalham direta ou indiretamente no setor podem perder seus postos de trabalho".

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