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TAM vai cortar até 10% das operações no Brasil

Companhia também prevê corte de cerca de 2% no quadro de funcionários, o que significa 560 pessoas; segundo a empresa, piora no quadro econômico motivou a decisão, e a redução da oferta será feita via corte de frequências, e não de destinos

Por Marina Gazzoni
Atualização:
Com dólar alto, TAM sente choque de custos Foto: Estadão

Atualizado às 21h34

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A TAM vai reduzir entre 8% e 10% sua oferta de voos nacionais nos próximos meses e vai cortar cerca de 560 trabalhadores, em torno de 2% do total de empregados. A companhia aérea, dona de 36% de participação de mercado, informou que fará ajustes na malha de voos gradativamente, sem deixar de operar em nenhum destino. De acordo com a empresa, a piora no cenário macroeconômico brasileiro motivou a decisão. 

“A TAM está tomando essa medida para enfrentar um contexto econômico difícil no Brasil, por isso se faz necessário buscar ajustes de malha sem prejudicar a conectividade dos nossos passageiros e fortalecendo ainda mais a nossa competitividade no País”, afirmou, em comunicado, a presidente da TAM, Claudia Sender. A TAM citou dados de queda na demanda por voos nacionais e projeções econômicas para a inflação acima de 9%, continuidade da alta do dólar e redução do PIB brasileiro como justificativa para enxugar voos.

O corte da oferta será feito por meio de redução de frequências, mantendo os cerca de 50 destinos nacionais. A nova estratégia levou a companhia a alterar suas projeções para sua variação anual na oferta de passagens. Até então, a empresa previa uma oferta estável em 2015, mas agora passa a esperar uma retração entre 2% e 4% em 2015. 

A redução do quadro será feita por meio de demissões e pela não reposição de vagas de funcionários que se demitirem. A empresa deve poupar pilotos e comissários, vislumbrando a retomada de crescimento no médio prazo. A presidente da TAM disse que a empresa mantém os planos de longo prazo para a expansão da companhia, como a renovação da frota e os estudos para a criação de um hub (centro de distribuição de voos) na região Nordeste.

Mercado. A crise econômica derrubou as viagens corporativas este ano, segmento que costuma comprar passagens a preços maiores, movimento que tende a afetar o resultado das companhias aéreas, explica o analista da Lerosa Investimentos, Vitor Suzaki.

Veja abaixo parte da entrevista com a presidente da TAM, realizada em maio:

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Sem conseguir encher o avião com o passageiro corporativo, as empresas partiram para as promoções, tentando atrair o cliente que viaja a lazer. O problema é que esse cliente só viaja quando a passagem está barata. Mas a alta de 44% do dólar nos últimos 12 meses provocou um choque de custos no setor. Como cerca de 60% das despesas das companhias aéreas brasileiras são atreladas ao dólar, ficou mais caro colocar um avião no ar. “Mas, se as empresas aumentarem o preço, o passageiro da classe C não viaja”, disse o consultor em aviação Nelson Riet.

“Estão vendendo passagem a preço de banana. Não paga a operação”, disse uma fonte do setor aéreo. “A retração da TAM era uma situação já esperada. A empresa está se prevenindo de perdas maiores. As outras companhias aéreas devem fazer o mesmo”, completou.

A Azul disse, em comunicado, que não tem cortes de oferta previstos. “É inegável que o setor sentiu uma retração nas vendas de passagens, sobretudo para o público corporativo. A companhia espera manter seus voos com boa taxa de ocupação.” A companhia disse também que retirou voos de alguns destinos menos rentáveis e substituiu por outros, mantendo a oferta.

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A Gol está em período de silêncio e não comentou. Em entrevista ao Estado no início de junho, o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, reafirmou que a previsão da empresa é manter a oferta estável neste ano, mas admitiu que a empresa poderia revisar os números se o cenário econômico piorasse. 

O movimento da TAM mexeu com o mercado financeiro. Os papéis da Latam Airlines, empresa formada pela fusão da TAM e da chilena LAN, na bolsa brasileira (BDRs, títulos de empresas estrangeiras negociados no Brasil) fecharam em queda de 5,15% nesta segunda-feira. Já a ação da Gol caiu 7,24%, a segunda maior queda do Ibovespa. Operadores de mercado disseram que o papel da Gol foi pressionado pela redução de oferta da TAM, pela alta do dólar e por uma projeção do banco Morgan Stanley de que a empresa poderá ser removida do índice Ibovespa. / COLABORARAM KARIN SATO E MARCELLE GUTIERREZ

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