Publicidade

Termina sem acordo reunião sobre gás na Argentina

Por WALTER BIANCHI
Atualização:

Argentina, Brasil e Bolívia não conseguiram achar a uma solução nesse sábado para a delicada situação energética que atravessam as maiores economias da América do Sul. Os três países decidiram realizar mais reuniões no futuro. A presidente argentina, Cristina Krichner, recebeu neste sábado em sua residência o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Siva, e boliviano, Evo Morales. A Bolívia é o maior provedor de gás para os outros dois países, mas a sua oferta atualmente não é suficiente para os picos da demanda. Kirchner pede que o Brasil repasse parte do gás que consome para a Argentina, mais não conseguiu um acordo. "Em dez dias os ministros da Energia se reunirão em La Paz para buscar uma solução", disse a repórteres José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras, que estava na reunião com os presidentes. Gabrielli já afirmou por diversas vezes que a Petrobras não vai abrir mão de nenhum volume de gás para abastecer o mercado argentino. O chanceler da Argentina, Jorge Taiana, leu um comunicado indicando que os ministros "formarão um grupo de trabalho para analisar a crise". A Argentina tem direito por contrato a importar diariamente da Bolívia 7,7 milhões de metros cúbicos de gás natural e pretende quadruplicar esse volume a partir de 2010, para acompanhar o crescimento da economia. O Brasil tem por contrato assinado em 1999 com a Bolívia direito a 30 milhões de metros cúbicos por dia, sendo grande parte direcionado ao mercado de São Paulo, que concentra quase metade do parque industrial brasileiro. "Todos nós vamos precisar de mais energia e, portanto, nós criamos um grupo com os três ministros dos três países para que a gente possa não apenas discutir gás em época de inverno, para a gente discutir quais as novas fontes de produção de energia de que nós precisamos", disse Lula a jornalistas após a reunião. Gabrielli informou ainda que na reunião entre os três presidentes a "Argentina pediu 1 milhão de metros cúbicos de gás por dia (do que consome o Brasil)", mas deixou claro que o Brasil só está disposto a exportar energia elétrica para a Argentina no inverno, algo em torno dos 200 megawatts-hora. Desde 2004 a Argentina atravessa sérias restrições em pleno inverno e também no verão, pela crescente demanda de gás e eletricidade que não foi acompanhada por um aumento na oferta pela demora de investimentos no setor. Mesmo assim, a Argentina vem crescendo a taxas superiores a 8 por cento desde 2003. PLANO DE MORALES Antes do encontro, Morales havia anunciado que iria propor aos seus colegas da Argentina e Brasil redistribuir suas exportações de gás para poder abastecer a crescente demanda energética. Em entrevista publicada no sábado pelo matutino Clarín, o mandatário boliviano sinalizou que era necessário buscar uma saída desse tipo porque seu país não pode garantir o envio de gás contratado nas épocas de maior consumo. "Todos temos necessidades, e a cada ano se necessita de mais energia e existem épocas críticas de acordo com cada país. Por isso devemos juntarnos, ver esta situação para resover de maneira conjunta a falta de energia nessa conjuntura", disse Morales ao jornal. O presidente boliviano saiu da reunião com os demais presidentes sem fazer declarações e retornou à Bolívia. (Reportem adicional de Fiona Ortiz e César Illiano)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.