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Turismo de negócios esboça recuperação e deve ganhar mais força a partir de outubro

Empresas do setor faturaram R$ 351 milhões em julho deste ano, avanço de 252,6% na comparação anual; vacinação e controle da variante Delta são fundamentais para retomada das viagens

Por Juliana Estigarríbia
Atualização:

O turismo de negócios começa a esboçar recuperação, diante do retorno gradual do trabalho presencial. Em julho, as empresas do setor faturaram R$ 351 milhões, avanço de 252,6% na comparação anual, segundo levantamento da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), obtido com exclusividade pelo Estadão/Broadcast. No entanto, o desempenho ainda foi cerca de 64% inferior ao registrado no mesmo período de 2019, nível pré-crise. Com o progresso da vacinação, porém, a entidade espera que esse quadro melhore, com uma retomada mais contundente da demanda a partir de outubro.

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"Se não tivermos um avanço significativo da variante Delta e a vacinação contra a covid-19 seguir em alta no País, podemos atingir em outubro a média mensal de vendas de 2019", afirma o presidente executivo da Abracorp, Gervasio Tanabe.

O dirigente relata que o segmento aéreo foi um dos mais impactados na pandemia, mas vem ganhando tração paulatinamente. Em sua avaliação, a retomada plena das viagens corporativas deve acontecer no primeiro trimestre de 2022. "Com a maior parte da população brasileira vacinada em meados de outubro, as empresas devem começar a voltar ao modelo de trabalho presencial, impulsionando nosso setor."

Aeroporto de Guarulhos: setor aéreo foi um dos mais impactados pela pandemia e agora se recupera com a ajuda da vacinação. Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 1/7/2021

As viagens aéreas internacionais, que historicamente representam uma fatia relevante do faturamento das empresas associadas, ainda estão bem abaixo do nível pré-pandemia: em julho, a receita do segmento alcançou R$ 37 milhões, ante R$ 226 milhões no mesmo período de 2019. "Para considerarmos o retorno ao patamar de 2019, dependemos da volta do mercado internacional", esclarece Tanabe.

Já no mercado doméstico, a queda não foi tão forte. No mês passado, a receita com serviços aéreos em rotas nacionais atingiu R$ 168 milhões, ante R$ 400 milhões em igual intervalo de 2019.

Novos hábitos

Para ele, há uma tendência de continuidade da política de home office nas empresas, o que impacta parcialmente a demanda das associadas da Abracorp. "Trabalho remoto não significa que as viagens corporativas vão acabar." O dirigente avalia, entretanto, que uma parcela dos voos curtos será substituída por encontros virtuais. "Estimamos que aproximadamente um terço da demanda por voos corporativos não deve voltar. As companhias aéreas devem ter que redesenhar a malha no futuro."

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Por outro lado, ele acredita que principalmente as viagens mais longas devem retornar com mais força. "Antes da pandemia, esse deslocamento já era necessário e vai continuar sendo."

O segmento de hotéis dentro do universo da Abracorp também vem registrando retomada gradual. O faturamento do negócio no mercado doméstico alcançou R$ 108 milhões em julho, um avanço de 163% na comparação anual, mas ainda 52% inferior a igual intervalo de 2019, patamar pré-covid.

Já no nicho de eventos, cuja demanda praticamente evaporou na pandemia, a retomada deve ser mais lenta, diante da continuidade de algumas restrições e medidas de distanciamento. "O negócio de eventos foi o mais impactado e deve voltar lentamente. Os protocolos são diferentes agora e a testagem continua sendo muito cara no Brasil."

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