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UE não aceita proposta da OMC para Rodada de Doha

Comissário de Comércio diz que bloco quer 'êxito da Rodada e que apresenta novo projeto no domingo

Por Agências internacionais
Atualização:

A União Européia vai apresentar uma nova proposta de acordo para a Rodada de Doha, com o objetivo de desbloquear o processo. O anúncio foi feito neste sábado, 26, pelo comissário de Comércio da UE, Peter Mandelson.  O diretor geral da Organização Mundial de Comércio (OMC) apresentou na última sexta-feira um projeto que foi negado pelo conselho da UE. Mandelson afirmou que a UE está comprometida com o êxito da Rodada e, por isso, apresentará um acordo para manter "o propósito de a rodada ser pelo desenvolvimento".   A secretária do Comércio da França, Anne-Marie Idrac, que preside a UE, disse que os membros do bloco consideram uma nova "melhora" no projeto de acordo necessária , buscando novas formas de compromisso.   Veja também: Quinto dia na OMC termina com princípio de acordo em Doha Rodada Doha: entenda o que está em jogo em Genebra     Ela admitiu a existência de divisões de opinião sobre as propostas em discussão na OMC. "Vários (países da UE) parabenizaram o avanço das negociações, enquanto outros manifestaram suas divergências, inclusive, se opondo, disse.   Um fonte européia disse que Reino Unido e Suécia foram os câmbios mais favoráveis ao projeto apresentado pela OMC. Alguns dos países que mais a rejeitam são França, Irlanda e Itália, que estão preocupadas com o alcance das concessões agrícolas incluídas no documento.   De modo geral, as discussões sobre o texto entre as nações européias têm sido bem "acaloradas", já que, embora os ministros do bloco não vão votar hoje a proposta, esta terá ser ratificada pelos 27 países-membros do bloco caso os negociadores da UE na Rodada de Doha aceitem o acordo que está sendo estudado.   Pacote parcial   Após sete anos de negociações, a OMC chegou a um pacote parcial sobre a liberalização de tarifas e regras que poderão ditar o comércio nos próximos dez anos. O pacote, que teve o Brasil como o primeiro adepto, salvaria a Rodada Doha de um fracasso. Mas ainda não foi aceito por todos. Índia, África do Sul e a Argentina deixaram claro que não vão se somar ao consenso. O Itamaraty, com sua decisão, rompeu com alguns de seus principais aliados nos últimos anos nas negociações.   O chanceler Celso Amorim explicou, após o encontro, que falou por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e recebeu o mandato de fazer concessões para permitir um acordo. Isso com a condição de que os países ricos também fizessem concessões. Na avaliação do Itamaraty, os sinais dos países ricos foram suficientes para que o Brasil pudesse aderir. Para Argentina e Índia, o que Europa e Estados Unidos ofereciam era insuficiente. "Demos um grande passo. Na política, como na vida, não há bem bom nem mal. Tudo é relativo. Avaliamos que esse acordo era razoável", afirmou Amorim. Para ele, porém, o valor do acordo não pode ser avaliado apenas em termos comerciais e nos ganhos de cotas de carnes. "Um acordo bom inclui um acordo de fortalecimento do sistema multilateral e, nesse sentido, o pacote é bom", disse.   A posição de Amorim ainda foi interpretada como um afastamento das posições consideradas extremistas tanto de seu aliado no Mercosul, a Argentina, como da Índia, um dos pilares no G-20 (grupo de países emergentes). "Alguns países emergentes ainda estão bloqueando um acordo", disse a representante de Comércio dos EUA, Susan Schwab. Novo encontro Hoje, os ministros dos países emergentes se reúnem na missão brasileira em Genebra para debater a situação. O pacote que prometia salvar a economia dos países mais pobres não passa, no fim, de acordo com impacto econômico limitado. Mas com amplo significado político. Amorim terá de mostrar aos demais por que acatou o acordo, depois de ter prometido manter o G-20 unido. "Ninguém está totalmente contente. Sei que há reservas por parte de outros países emergentes.Mas esse é um pacote que tem bons resultados. Fui o primeiro a dizer que aceitava", afirmou. "Há, agora, 65% de chance de se fechar um acordo", disse.   (Com Jamil Chade, de O Estado de S.Paulo)

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