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Um novo público-alvo das campanhas: cuidadores de doentes

Agência de publicidade chama a atenção para papel do cuidador na decisão de tratamentos

Foto do author Fernando Scheller
Por Fernando Scheller
Atualização:

ENVIADO ESPECIAL / CANNES

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Uma experiência pessoal levou uma das sócias da agência americana especializada em saúde The Cement Bloc, de Nova York, a propor um desafio a seus clientes: quem cuida dos cuidadores de pessoas com doenças crônicas ou terminais? É um público que Elizabeth Elfenbein não pensaria em atingir, apesar de ter uma década de experiência voltada à publicidade específica para laboratórios farmacêuticos e hospitais, não fosse o caso de seu irmão Michael.

Há quatro anos, a esposa de Michael foi diagnosticada com câncer no ovário. De um dia para o outro, além de pai e marido, ele também se tornou um cuidador. Foi a partir dessa experiência que ela percebeu que esse público, que tem poder de decisão importante na compra de medicamentos e na direção que os tratamentos dos doentes vai seguir, estava desatendido. 

Elizabeth Elfenbein, socia da agência Cement bloc, se inspirou em drama pessoal para fazer campanha com foco em cuidadores de doentes Foto:

Além de ignorados do ponto de vista mercadológico, diz Elizabeth, os cuidadores ficam também em segundo plano quando o assunto é a saúde psicológica. A palestra da The Cement Bloc no Lions Health, evento voltado à saúde e ao bem-estar paralelo ao Cannes Lions – Festival Internacional de Criatividade, que tem o Estadão como representante oficial no País, tentou apontar soluções para as duas questões.

Ao ver seu irmão passar pelas dificuldades que milhões de cuidadores têm de enfrentar todos os dias, a publicitária resolveu agir. Ao realizar uma pesquisa sobre o tema, a The Cement Bloc levantou que um em cada dez pessoas são cuidadores em tempo parcial ou integral de parentes e amigos.

A pesquisa mostrou que exercer esse papel leva a um alto nível de estresse e também a desafios pessoais. Ao precisar separar tempo para cuidar de um ente querido, geralmente o cuidador acaba se dedicando menos ao emprego – o que pode acarretar dificuldades financeiras para a família.

Do ponto de vista mercadológico, ignorar o cuidador é perder a chance de atender um “cliente” que vê a situação do paciente de ambos os lados: o do que é possível fazer do ponto de vista médico e também sobre a melhor decisão para que a pessoa amada possa ter a vida mais confortável possível.

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Voz. Para chamar a atenção para o assunto, a The Cement Bloc montou na semana passada uma comunidade na web para discutir as dificuldades enfrentadas pelos cuidadores – entre os personagens do filme, que soma 50 minutos em depoimentos de pessoas que cuidam de seus filhos, parceiros e pais, está Michael, irmão de Elizabeth. 

O filme, segundo Michael, que participou da apresentação da The Cement Bloc em Cannes, pode fazer as pessoas que estão passando por uma situação de doença na família refletirem sobre o seu papel de cuidador. Segundo ele, falar sobre o assunto pode ser de grande ajuda. O vídeo com os depoimentos está disponível na página do Facebook Caregivers Speak Up (Os Cuidadores Falam), disponível apenas em inglês.

Para amplificar o debate, que por enquanto está restrito à rede social, a sócia da The Cement Bloc diz que os vídeos gravados com os cuidadores farão parte de uma estratégia de ativação em eventos dos setores farmacêutico e médico.

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Um dos clientes da The Cement Block, o sistema de saúde Montefiore, mantém um centro de apoio e treinamento para as pessoas que precisam cuidar de parentes e amigos doentes por um longo período. “O que está claro é que nem sempre os cuidadores pedem ajuda”, diz Loreen Babcock, executiva da Montefiore Health Systems. “E isso nos fez pensar em uma pergunta: ‘Quem vai cuidar dos cuidadores?”

“Na nossa experiência, a necessidade de ajudar essa pessoas não termina com a morte do ente querido”, explica a executiva. “Temos casos em que as pessoas continuaram a buscar o apoio psicológico por mais dois a três anos para lidar com a perda.”

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