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Usina poderá comprar produto de outras e elevar estoques de etanol

Resolução da ANP deve diminuir volatilidade de preços do produto ao consumidor final

Por Eduardo Magossi e da Agência Estado
Atualização:

A partir da safra 2010/11, os produtores brasileiros de etanol poderão comercializar sua produção entre si, de acordo com resolução da Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o que deve contribuir para reduzir a volatilidade de preços do produto junto ao consumidor final.

 

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De acordo com o diretor técnico da União da Indústria da cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, esta medida vai permitir que empresas mais capitalizadas comprem o produto das empresas menores para armazenar para a entressafra. Desta forma, estas empresas maiores poderão evitar uma oferta expressiva de etanol durante a safra, fazendo com que os preços caiam para abaixo do custo de produção, e forte alta na entressafra. "Esta medida será mais eficaz que os programa de armazenagem do governo para equilibrar o mercado e reduzir a volatilidade", explica Pádua.

 

Em 2009, em função da crise de liquidez, muitas usinas acabaram desovando sua produção durante a safra, o que levou os preços do etanol a caírem para um nível abaixo do custo de produção durante cerca de 10 meses. Nos dois meses restantes, o etanol subiu de forma expressiva e tornou a gasolina mais competitiva no tanque dos carros flex. "Com esta possibilidade, iremos tirar o excesso de oferta durante a safra e garantiremos mais oferta de etanol durante a entressafra", afirma.

 

A medida da ANP equalizou uma diferença tributária entre compra e venda de etanol que havia entre produtores que inviabilizava este tipo de transação. Na mesma resolução da ANP, que versa sobre as agências comercializadoras, também consta item que permite que os produtores possam vender etanol em filiais fora das usinas.

 

Na prática, a medida permitirá que as usinas vendam etanol em lugares mais distantes. "Por exemplo, uma usina paulista poderá vender etanol no Rio Grande do Sul em uma filial a preços mais competitivos que se a negociação fosse realizada via uma distribuidora", disse.

 

Para o presidente da Unica, Marcos Jank, estas duas medidas irão garantir maior estabilidade ao mercado. O executivo disse também que o governo deve divulgar, em breve, um novo programa de armazenamento de etanol, mais acessível ao produtor. "No ano passado, a linha anunciada pelo governo pedia garantias demais e não apresentava juros competitivos nem possíveis de serem pagos por conta da falta de crédito criada pela crise", disse. Segundo ele, ainda não há detalhes sobre o programa.

 

Padua, da Unica, também citou a criação de um novo contrato futuro de etanol como instrumento importante para a consolidação de um mercado mais consolidado, sem estar concentração nas compras à vista, como acontece no momento. Segundo ele, o contrato deverá ser liquidado por um Indicador de Hidratado Diário, que o Cepea, da Esalq, começou a divulgar ontem.

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Porém, Pádua confessa que o contrato futuro que será lançado pela BM&FBovespa entre maio e junho não atendeu aos pedidos do setor. "O contrato terá liquidação financeira e não contemplará entrega física. Acreditamos que a entrega física atrairia mais os consumidores de etanol para este mercado", disse.

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