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VALE acerta alta de 65% em minério vendido a chineses

Por ALFRED CANG E LUCY HORNBY
Atualização:

O grupo Baosteel concordou em nome de siderúrgicas chinesas pagar 65 por cento mais por minério de ferro fornecido pela Vale e 71 por cento mais pelo minério de maior qualidade de Carajás, informou a fabricante de aço chinesa nesta sexta-feira. O acordo coloca pressão sobre as mineradoras australianas Rio Tinto e BHP Billiton para concluírem acordo similar com seus clientes asiáticos, apesar de ainda insistirem em reajustes maiores. Siderúrgicas do Japão, Coréia do Sul, Alemanha e da Itália já concordaram com a Vale em pagar 65 por cento mais pelo minério vindo de Itabira ou Sistema Sul a partir de 1o de abril. "Não estou surpreso. Da perspectiva dos chineses, não é um resultado insatisfatório", disse o analista do Macquarie Henry Liu. "A maior parte das siderúrgicas estava mais preocupada em saber se a China teria que acabar pagando mais para os australianos." As siderúrgicas asiáticas pagarão 71 por cento mais e a alemã ThyssenKrupp e a italiana Ilva 66 por cento mais pelo minério de Carajás, o que efetivamente remove o desconto que a Vale chegou a conceder a clientes asiáticos, para compensar as longas distâncias de envio da commodity. A Rio Tinto, que vinha agressivamente pressionando para obter um reajuste maior por seu minério por causa dos custos menores de transporte para a Ásia, afirmou que seu produto tem qualidade similar ao de Carajás e por isso merece um aumento similar. "Acreditamos que o produto de Pilbara está mais próximo (em qualidade) de Carajás do que de Itabira", disse o diretor da Rio Tinto para a China, Anthony Loo, a jornalistas esta semana. "Não acho que as companhias australianas podem pedir mais", disse o analista Li Xinchuang, vice-presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento da Indústria Metalúrgica da China. "Negociações de preço de minério são uma tradição internacional. Se uma companhia decide, outras têm que seguir. Ninguém pode mudar isso." A Baosteel e mineradoras australianas reúnem-se no início da próxima semana, afirmaram operadores. Se as empresas da Austrália aceitarem os mesmos termos acertados pela Vale, o minério de ferro australiano chegará à China a cerca de 120-130 dólares a tonelada de acordo com as taxas de frete atuais. Isso representa um preço 30 dólares mais barato que as cargas despachadas do Brasil. Enquanto isso, os envios de minério da Índia no mercado à vista são ainda mais caras que o minério de mais alta qualidade do Brasil ou da Austrália. Esse valor maior frusta as três maiores mineradoras. O minério indiano custa cerca de 194 dólares por tonelada, incluindo custos e frete. Em dezembro a commodity indiana bateu recorde, custando cerca de 200 dólares a tonelada.

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