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Vale anuncia corte de investimentos para 2017 e 2018

Maior parte dos recursos será usada em manutenção e reposição de capacidade; sobre a Samarco, empresa diz apostar que atividades sejam retomadas no meio do ano que vem

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e correspondente
Atualização:

NOVA YORK - Diante do cenário difícil para o minério de ferro, a mineradora Vale apresentou uma estimativa de cortes em seus investimentos nos próximos dois anos. Depois de investir US$ 5,6 bilhões neste ano, a empresa prevê reduzir o orçamento para US$ 4,5 bilhões, em 2017, e para US$ 4 bilhões, no exercício seguinte. Os dados foram apresentados pela empresa nesta terça-feira, 29, durante o Vale Day, dia em que a empresa apresentou suas estimativas ao mercado financeiro na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse, na sigla em inglês).

Vale, de Murilo Ferreira, deve investir menos do que rivais nos próximos anos Foto: Márcio Fernandes|Estadão

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Durante o evento, o presidente da companhia, Murilo Ferreira, disse que os gastos com investimento da mineradora caíram 65% entre 2012 e 2016. Há quatro anos, o montante havia batido em US$ 16,2 bilhões. O executivo frisou que a implementação bem-sucedida de projetos aliada à disciplina na alocação de capital permitiu a redução dos investimentos.

De acordo com o diretor executivo financeiro da Vale, Luciano Siani, diante deste cenário de projetos mais maduros, a companhia deve investir menos do que a concorrência nos próximos anos. A tendência, mesmo depois de 2018, é da continuidade de redução de gastos. Em 2021, a estimativa da empresa é de investimentos da ordem de US$ 2,9 bilhões. A maior parte dos recursos será gasta, segundo Siani, em manutenção e reposição de capacidade.

Sobre a Samarco, Ferreira disse que a Vale espera que um acordo com a BHP Billiton para um plano de negócios saia até o dia 15 de dezembro. "Análises e estudos estão sendo feitos em Minas Gerais para que quando saia o acordo tenhamos algum tempo", disse o presidente da Vale. "Eu quero que seja até o dia 15 de dezembro." Na apresentação para os investidores, os executivos da Vale disseram que a expectativa é que a Samarco possa retomar as operações em 2017.

Indicadores. Siani admitiu que a empresa foi duramente castigada pelo mercado acionário. Ele destacou que, nos últimos anos, a empresa está caminhando em direção a menor endividamento e maior geração de caixa.

Para 2017, o executivo destacou que o mercado espera que a empresa tenha fluxo de caixa positivo. A projeção da empresa é que o fluxo de caixa livre acumulado possa atingir mais de US$ 19 bilhões em 2021.

Sobre o endividamento, Siani ressaltou que, com base nas estimativas de agora, a Vale tem US$ 12,4 bilhões de dívida para amortizar entre 2017 e 2020 e está em uma situação confortável. A empresa tem US$ 5 bilhões de crédito rotativo com os bancos, segundo a apresentação feita ontem. O diretor financeiro da mineradora disse acreditar que o rating de crédito da Vale pode melhorar de forma gradual na medida em que a empresa fique menos alavancada.

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Preço e volume. Caso o preço do minério de ferro fique na casa dos US$ 50 a tonelada, Siani destacou que a distribuição de dividendos poderá ser elevada, com redução de dívida. Caso o preço suba para US$ 60, a distribuição dos dividendos certamente será maior e a dívida se reduzirá “rapidamente”.

O diretor executivo do segmento de ferrosos da Vale, Peter Poppinga, afirmou ontem, na apresentação a investidores em Nova York, que a estimativa de produção de minério de ferro ficará entre 360 milhões e 380 milhões de toneladas em 2017. No Vale Day do ano passado, a estimativa da companhia era um pouco mais otimista: oscilava entre 380 milhões e 300 milhões de toneladas, mas já havia sido reduzida neste ano.

Cenário econômico. Para Murilo Ferreira, o Brasil precisa de um amplo conjunto de reformas, tanto micro quanto macroeconômicas. Sobre as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2017, disse ser difícil fazer uma avaliação sem saber o que acontecerá na economia mundial. Durante evento na Bolsa de Nova York, o executivo defendeu a realização de reformas na Previdência, no mercado de trabalho, nos sistemas de saúde e de educação. “É quase um País inteiro que precisa ser reformado.”

Murilo ressaltou que o Brasil precisa de uma “superação política e econômica” e ainda contar com um cenário externo menos volátil para voltar a crescer. “Não dá pra descolar o Brasil da economia mundial.” 

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De acordo com o presidente da Vale, 2017 será um ano “sofrível” para o País se a economia mundial crescer 2,5%. Caso a expansão do PIB global fique mais próxima dos 4%, o ano será mais positivo para o Brasil. Para o executivo, qualquer país em uma economia globalizada sofre as consequências “inexoráveis” do desempenho da economia mundial.

Com os recentes eventos na Europa, incluindo a saída do Reino Unido da União Europeia, e nos Estados Unidos, com a vitória inesperada de Donald Trump, Murilo vê um cenário de muita incerteza na economia global. “As pessoas não sabem ainda quantificar as repercussões desses dois eventos”, acrescentou. / COLABOROU MARIANA DURÃO, DO RIO

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