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Vale estuda venda de ativos estratégicos para reduzir dívida

Preços das commodities caíram mais do que o previsto e isso afetou a geração de caixa; 'não temos apego', disse o presidente

Foto do author Fernanda Guimarães
Por Fernanda Guimarães e
Atualização:

SÃO PAULO - Para reduzir seu endividamento, a Vale passará a estudar a venda de ativos estratégicos (core) da companhia. O presidente da mineradora brasileira, Murilo Ferreira, disse que os preços das commodities caíram mais do que o previsto, afetando, dessa forma, a geração de caixa e isso trouxe um desafio a mais para concretizar a visão de desalavancar a companhia após a conclusão do seu projeto S11D, que começa a operar no segundo semestre deste ano.

"Estamos explorando opções mais agressivas para a desalavancagem, incluindo a venda de ativos core. Não temos apego", disse o executivo em teleconferência com analistas e investidores. De acordo com Ferreira, a companhia irá trabalhar mais ativamente nesse tema no segundo semestre do ano, mas que a companhia já analisa de forma racional "os méritos e deméritos" de cada ativo do seu portfólio, com uma visão também de longo prazo. "Iremos analisar também o potencial de redução de dívida que acompanharia cada uma dessas transações", explicou.

Queda no preço das commodities, como o minério de ferro, prejudicou resultados da empresa Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

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Todo o ativo da Vale, incluindo os setores de minério de ferro, níquel, cobre e fertilizantes - considerados core business -, poderão fazer parte do programa de desinvestimento que tem como objetivo reduzir o endividamento da empresa. A expectativa inicial é de que esse processo ocorra em um intervalo de entre 12 e 18 meses.

O diretor executivo de Finanças e de Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, disse que, dada a qualidade dos ativos da companhia, a venda pode seguir esse cronograma. "A Vale poderá vender participações. Esse programa não significa que a Vale vai deixar de controlar", destacou.

A alavancagem da Vale, medida pela razão da dívida bruta pelo Ebitda ajustado, subiu de 2,2 vezes no fim de 2014 para 4,1 vezes em 2015. Tendo em vista esse número e adotando medidas preventivas, a Vale acordou no ano passado um aumento do limite superior de seu covenant de alavancagem que era de 4,5 vezes para 5,5 vezes até o final deste ano.

Murilo Ferreira disse ainda que a companhia visa alcançar uma dívida líquida de US$ 15 bilhões em até 18 meses. Ao final do ano passado a dívida líquida era de US$ 25,234 bilhões. "Não queremos conviver com esse nível de alavancagem. Tem o projeto S11D, que tem um dispêndio grande e isso não nos possibilitou reduzir a alavancagem se aproveitando do ciclo de preços mais favorável", disse. 

De forma natural, disse, a Vale conseguiria atingir os níveis mais adequados de alavancagem entre 2019 e 2020, mas quer se preparar para um cenário mais desfavorável.

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Conforme já anunciado pela Vale, os investimentos realizados no ano passado foram 30% menores do que os vistos em 2014 e atingiram US$ 8,401 bilhões. A projeção passada inicialmente pela companhia, em dezembro de 2014, apontava para um capex de cerca de US$ 10 bilhões, mas a empresa já havia admitido que os investimentos ficariam entre US$ 8 bilhões e US$ 9 bilhões no ano passado.

Em relação aos desinvestimentos no ano passado, a Vale levantou US$ 3,525 bilhões, com US$ 1,316 bilhão proveniente da venda de 12 navios very large ore carriers (VLOC) para empresas chinesas, US$ 1,089 bilhão da venda de 36,4% das ações preferenciais MBR, US$ 900 milhões de outra transação de goldstream e US$ 97 milhões da venda de ativos de energia.

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